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| - Continua a ser um tema recorrente nas redes sociais e a motivar sucessivos pedidos de verificação de factos pelo Polígrafo. Automóveis elétricos, com especial atenção sobre as respetivas baterias. E comparações, muitas comparações de desempenho, consumo energético e nível de poluição com os automóveis a combustão.
Eis mais um exemplo, partilhado no Facebook, no qual se destaca que “as baterias de um carro elétrico pesam cerca de 500 kg. Para fazer uma bateria deste tipo é necessário processar 10 toneladas de sal para o lítio exigido, 15 toneladas de minério para o cobalto exigido, duas toneladas de minério para obter níquel suficiente e 12 toneladas de minério de cobre. No total, tem que processar 200 toneladas de solo para fazer uma única bateria”.
“Como se não bastasse, isto polui mais do que um carro a gasolina/diesel em 20 anos de consumo normal”, alega-se. “Pense duas vezes antes de comprar um carro novo”.
De acordo com um estudo da Transport & Environment (federação de organizações não governamentais focadas nos setores dos transportes e do ambiente) divulgado em 2021, apenas cerca de 30 quilogramas de metais são destruídos após a reciclagem da bateria de um automóvel elétrico.
Em comparação, um automóvel médio movido a gasolina queima entre 300 a 400 vezes esse peso em gasolina ao longo da sua vida útil.
Quanto à produção, com o avançar da tecnologia das baterias será necessária cada vez menos matéria-prima para as produzir. “De 2020 a 2030, a quantidade média de lítio necessária para um kWh de uma bateria de um elétrico cai para metade (de 0,10 kg/kWh para 0,05 kg/kWh), a quantidade de cobalto cai mais de três quartos”, indica o estudo.
Mais, além de se reduzir a necessidade de matéria-prima com a evolução da tecnologia, também a reciclagem destas baterias ajuda a que tenham uma menor pegada ecológica.
“Ao contrário dos automóveis movidos a combustíveis fósseis de hoje, as baterias de automóveis elétricos fazem parte de um ciclo de economia circular em que os materiais da bateria podem ser reutilizados e recuperados para produzir mais baterias. A reciclagem de materiais da bateria é crucial para reduzir a pressão sobre a demanda primária por materiais virgens e, em última análise, limitar os impactos que a extração de matéria-prima pode ter no meio ambiente e nas comunidades”, sublinha-se.
Ao Polígrafo, a Deco Proteste, associação de defesa do consumidor, explica que – de acordo com estudos que abrangem todo o processo de construção dos veículos e respetivos consumos e comparam os custos ambientais – “no geral, um veículo elétrico tem uma pegada ambiental inferior aos com motor a combustão”.
“Os estudos que existem indicam que no global – produção, utilização e fim de vida -, os veículos elétricos tendem a ser mais ecológicos. Isto depende muito do período de uso, em particular do número de quilómetros realizados, durante a vida útil do veículo. Mas, para um cenário realista de utilização do veículo, os elétricos conseguem ser mais ecológicos“, informa.
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Avaliação do Polígrafo:
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