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  • “Há dias subi à Torre da Serra da Estrela. Quando lá cheguei deparei-me com esta moda. Em toda a volta daquele pedaço da Serra estavam centenas de montinhos de pedras como estes. Passadas umas horas vi guardas do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas a derrubar as centenas destes montes de pedras. Aparentemente esta moda inofensiva está a colocar em risco o habitat de uma lagartixa que só existe na Serra da Estrela e que se esconde e reproduz por baixo destas pedras. É a Lacerta Monticula, a lagartixa da montanha”, alerta-se na publicação em causa. Outro problema, realça-se no texto, prende-se com “a desinformação que pode ser levada aos pastores, porque durante muitos anos os pastores criaram este tipo de montes de pedras para alertar para o risco de abismo, assim como também servem para definir trilhos para os diferentes pastores guiarem as suas cabras”. Será verdade? Verificação de factos. Questionada pelo Polígrafo, fonte oficial do Instituto das Florestas e Conservação Florestal (IFCN) confirma a situação em causa e explica que a “mobilização das pedras soltas que constituem a camada superficial do solo nas zonas de maior altitude na área do Parque Natural da Serra da Estrela (acima de 1500 metros de altitude) destroem o habitat da lagartixa-de-montanha (Iberolacerta monticola subsp. monticola), que é uma espécie endémica da serra da Estrela”. A mesma fonte sublinha que “a destruição do habitat da lagartixa-de-montanha devido à mobilização das pedras soltas para construção de estruturas denominadas ‘mariolas‘ assume especial relevância em vastas áreas situadas na envolvente ao Malhão da Estrela (vulgarmente conhecido por Torre)”. Destaca-se ainda que “a alteração do substrato pedológico, por levantamento e deslocação das pedras soltas, causa efeitos negativos, tidos como muito significativos, nos ecossistemas locais porque destrói o habitat de várias espécies da fauna, invertebrada e vertebrada”. Por outro lado, as construções em pedra criadas pelos pastores, designadas por “malhões“, servem para “assinalar a delimitação de territórios de direito de apascentação de gado” e são utilizados também como “elementos de orientação“. Estas construções têm um “valor cénico e paisagístico devido à forma, dimensão e disposição no terreno” e servem de local para construção de ninho de várias espécies de aves, como o Mocho-pequeno-de-orelhas (Otus scops), Chasco-do-monte (Oenanthe oenanthe) e Melro das-rochas (Monticola saxatilis). Ou seja, e de acordo com fonte oficial do IFCN, “comparar as ‘mariolas’ construídas pela população visitante com as construções que constituem património etnográfico, é um ato de comiseração“, tendo em conta que estas “não têm qualquer semelhança estética, funcional nem patrimonial com os ‘malhões’ construídos desde tempos imemoriais pelos pastores”. Em suma, a construção das chamadas “mariolas” causa efeitos negativos nos ecossistemas locais (destruindo o habitat de várias espécies da fauna local, nomeadamente da “lagarta da montanha”), e não deve ser confundida com os “malhões” – estruturas construídas “desde tempos imemoriais pelos pastores”. A publicação sob análise difunde informação verdadeira. __________________________________________________________ Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social. Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é: Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos. Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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