schema:text
| - No dia 6 de julho, a União Zoófila publicou nas redes sociais uma nota a desmentir a informação patente num outdoor da Câmara Municipal de Lisboa (CML) que dava como certa a relocalização do abrigo de Sete Rios para o Parque Urbano do Vale do Forno, um espaço em construção na zona norte de Lisboa. “A informação transmitida neste outdoor utiliza abusivamente o nome da União Zoófila, sem o seu consentimento, e transmite a ideia, falsa, de que foi acordada a sua relocalização”, escreveram.
A associação classifica a afixação do cartaz como uma “represália à recusa da associação em assinar um protocolo de intenções com a Câmara de relocalização do seu abrigo, sem conhecer e acordar previamente as condições físicas, funcionais e jurídicas em que a relocalização teria lugar e as condições de segurança e saúde para as pessoas e para os animais do local em questão: um aterro sanitário com infraestruturas de gás metano, de lixiviados e de proteção danificadas.”
“Manipular informação e divulgá-la publicamente como propaganda eleitoral e, em simultâneo, como forma de pressão de quem é mais vulnerável é uma estratégia abusiva que a todos devia envergonhar”, sublinhou ainda a associação.
Contactada pelo Polígrafo, Margarida Saldanha, da direção da União Zoófila, conta que foram informados da existência do cartaz na passada terça feira, dia 6 de julho, por pessoas ligadas à associação. O outdoor estava localizado perto do abrigo, no bairro das Furnas.
Questionada se havia alguma discussão em curso sobre a relocalização do abrigo, Saldanha explica que não havia “nada em concreto“. “Têm havido conversações sobre a nossa saída há vários anos. Sabemos que eventualmente teremos de sair porque o espaço pertence à Câmara, mas todas as infraestruturas foram feitas por nós, com ajudas. Foi uma surpresa terem dado como certa a ida para o Parque Urbano do Vale do Forno, sem uma palavra ou reunião prévia sobre o assunto”, afirma.
“Apesar de não nos opormos a sair daqui, há condições que são necessárias assegurar. O espaço em si parece que fica por cima de um aterro sanitário. Há muita coisa a ser discutida. É seguro? Qual seria a duração? Provavelmente não teremos alternativa, mas tem de ser discutido”, defende.
Ao final da tarde do mesmo dia, a CML procedeu à remoção do outdoor. Em nota enviada ao Polígrafo, informa que “tem identificada, no âmbito do projeto do Parque Urbano do Vale do Forno, uma localização para a construção das novas instalações da UZ” e que “tem mantido um diálogo com a UZ ao longo do tempo para serem consensualizados alguns aspetos desta solução”, admitindo que a colocação do outdoor tenha sido, por isso, “indevida“.
“A CML mantém o propósito de prosseguir as conversações com a UZ para ir ao encontro das preocupações por esta associação manifestadas”, assegura.
União Zoófila pediu apoio financeiro e cedência de espaço à CML em fevereiro, mas não obteve resposta
A propósito da afixação do cartaz, o grupo municipal do partido Pessoas Animais Natureza (PAN) publicou uma nota na página oficial em que dá conta de dois pedidos por parte da associação à CML, um de apoio financeiro e outro de cedência de espaço. Na ausência de resposta, o PAN apresentou um requerimento “a solicitar informação sobre os mesmos e ainda sobre o ponto de situação relativamente ao processo de cedência de terrenos com vista à mudança das instalações da União Zoófila”.
No documento, lê-se que a associação requereu um apoio “no montante de 99.807,10€ (…) para completar a restruturação das enfermarias de cães e gatos, através da aquisição de equipamentos para o bloco cirúrgico e para prestação de cuidados médico-veterinários pré e pós-cirúrgicos, bem como para o internamento dos animais em condições de segurança e higiene”. Já o pedido de cedência de espaço visa “o armazenamento de donativos e bens” uma vez que, impossibilitada de realizar campanhas de angariação de fundos devido à pandemia, tornaram-se recorrentes “apelos cíclicos de donativos, chegando de uma só vez grandes quantidades”.
Até à data, informam, “não tivemos qualquer resposta a este requerimento por parte do executivo municipal”. Quanto ao cartaz, admitem uma enorme “estupefação” e solicitam um “esclarecimento escrito sobre a colocação do referido outdoor em frente às associações, bem como para quando vai o executivo municipal proceder ao agendamento de reunião com as mesmas e em que termos pretende celebrar os protocolos”.
__________________________________________
Avaliação do Polígrafo:
|