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  • O regresso às aulas está a levantar preocupações entre os pais e encarregados de educação. Há receio de que as regras não sejam cumpridas e que isso possa contribuir para uma escalada no número de novos casos de infeção por coronavírus. Aproveitando-se desse facto, há quem partilhe imagens e informações fora de contexto, contribuindo para gerar maior confusão e alarme. É o caso da publicação que sugere que, na Corunha, em Espanha, as crianças estão a regressar às aulas de boia — daquelas que se usam na praia ou piscina — à cintura para garantir que mantêm a distância entre si. A imagem até aconteceu: crianças de máscara, de boia à cintura, e também foi registada na Corunha, mas está longe de ser a solução encontrada para que os mais pequenos respeitem as distâncias. De que se trata, então? A publicação foi partilhada inúmeras vezes nas últimas horas e vista por mais de 27 mil pessoas, mas reporta a uma experiência de um gabinete de arquitetos espanhol que decorreu no primeiro fim de semana de setembro em Arzúa, uma localidade na Corunha. O projeto “A vila do amanhã” (na tradução literal de “a vila do Mañá”) é “um projeto educativo que tem por objetivo, desde a infância e através do jogo, que as crianças ganhem consciência de todas as escalas em comum: arquitetura, património, urbanismo e paisagem”. A descrição do projeto está claramente feita na página oficial do projeto e nas respetivas redes sociais onde foram partilhadas algumas fotografias da iniciativa “Quanto é um metro e meio?” E “um metro e meio” porquê? Porque é a distância mínima recomendada entre as pessoas para evitar a infeção pelo novo coronavírus. Sandra González, criadora e diretora do projeto quis levar algumas crianças para a rua para que pudessem ter uma noção mais clara da distância que devem manter e da dificuldade que pode existir em algumas zonas para a garantir. “Estamos numa situação nova, na nova realidade, e temos que ver se as cidades estão adaptadas para as novas medidas”, explica Sandra González ao jornal local A Coruña, clarificando que utilizaram as boias para garantir 1,30m de distância entre as crianças e para que tenham maior consciência dos espaços, “especialmente agora, que se aproxima o regresso à escola”. Foi a primeira iniciativa do projeto depois de a pandemia ter chegado a Espanha e o confinamento ter sido decretado, o que originou o cancelamento de várias ações dentro do projeto “A vila do amanhã”, mas a arquiteta responsável aponta ainda que esta nova realidade prova que é necessário “mais espaço para peões” nas cidades e dá o exemplo de algumas autarquias que optaram por transformar estradas em zonas de circulação exclusivas para peões. Também por cá há cidades a fazer um esforço para adaptar a “nova realidade” aos peões. Em Lisboa, por exemplo, várias ruas ganharam também cores, passando a estar dedicadas exclusivamente a peões. Em julho a CML falava em “urbanismo tático”, uma prática que não é nova mas que se tem revelado estratégica nas cidades pós-Covid-19, e que consiste em ações pontuais de pequena escala (como seja o alargamento do espaço público destinado a esplanadas e a pedonalização de algumas vias) e que visam mudanças de comportamento a longo prazo. Lisboa. O mistério das ruas pintadas de azul ou verde que se multiplicam pela cidade. E o que tem a Covid a ver com isto Conclusão É falso que as crianças estejam a regressar às aulas na Corunha, em Espanha, com uma boia à cintura para que mantenham o distanciamento social ao longo do dia. A imagem partilhada resulta de uma iniciativa de um gabinete de arquitetos que tinha por objetivo demonstrar que as cidades não estão preparadas para que todas as pessoas na rua mantenham a distância entre si. Mas acabou por servir também para clarificar junto das crianças o que era “um metro e meio”, a distância que lhes é pedida que mantenham. Ainda que a fotografia seja real, efetivamente registada numa localidade da Corunha, está completamente fora de contexto. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: ERRADO De acordo com o sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é: FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook.
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