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  • “Doutrina cega!” Este é o título de um longo texto publicado por Miguel Lourenço no Facebook, a 2 de fevereiro, com o aparente objetivo de demonstrar que as crianças portuguesas “são alvo de doutrina política no sistema de ensino, o que torna os profissionais que atuam no espaço mediático e na formação da opinião pública autênticos divulgadores da ideologia”. Entre os exemplos indicados no texto, o dirigente do Chega destaca uma alegada conversa telefónica de Joana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda. “Esta prática corrente é claramente admitida por Joana Mortágua num telefonema com um jornalista brasileiro, em que refere que ‘o Bloco não tem dificuldade (…) em criar nas televisões ativismo de media’”, alega. O post de Miguel Lourenço inclui uma gravação desse suposto telefonema, com o seguinte título: “Brasileiro se passando por esquerdista e gravando ligação com deputada portuguesa Joana Mortágua”. Na gravação ouve-se a deputada bloquista a falar sobre a presença do seu partido nos meios de comunicação social. “O Bloco de Esquerda não tem dificuldade em fazer passar, por exemplo, nas televisões, temos alguma presença nos jornais”, afirma. O alegado jornalista – cuja voz está distorcida – pergunta, então, se os bloquistas “conseguem criar narrativas tendenciosas contra a direita daí, contra o Ventura”. A resposta é a que aparece citada no texto: “Não só narrativas, mas criação de ativismo de media”. Há uma pequena pausa no discurso e ouve-se o interveniente brasileiro dizer: “Não, fica tranquila, a nossa conversa vai ficar aqui, não vai sair do Brasil… Do seu partido, tem gente dentro das televisões daí ou jornais?” Ao que Mortágua responde: “Nos meios de comunicação, nós temos meios de comunicação públicos, nomeadamente a televisão e a rádio, uma agência de notícias. Temos meios de comunicação privados. Temos depois operadoras mais variadas do ponto de vista das telecomunicações – que isso é, como vocês dizem, concentração de media”. Nova pergunta: “Vocês no Bloco na verdade são do Governo, não é, vocês pertencem ao Governo? Impediram os ‘Andrés Venturas’ da vida de governarem aí em Portugal, mesmo que isso não seja muito democrático, digamos assim?” “Nós pertencemos a uma maioria parlamentar de esquerda, que é composta pelo Bloco de Esquerda, pelo Partido Comunista Português e pelo Partido Socialista. Foi a direita quem ganhou as eleições. E eles só não governam hoje, porque os partidos de esquerda permitiram ao Partido Socialista governar em minoria”, responde a bloquista. O vídeo da suposta gravação termina com Mortágua a dizer que “o inimigo comum no Brasil é uma agenda conservadora, anti-democrática e em alguns casos fascista”, enquanto se mostra a frase “telefonema gravado no Brasil e cedido gentilmente a Portugal” no ecrã negro. A conversa telefónica é autêntica? A resposta é não. Questionada pelo Polígrafo, fonte oficial do Bloco de Esquerda desmente “por completo” a veracidade do vídeo. Trata-se de um caso de manipulação e descontextualização de declarações antigas de Mortágua, com o objetivo de propagar desinformação. O vídeo partilhado na página de Miguel Lourenço baseia-se numa entrevista da deputada ao podcast brasileiro “O Cafezinho”, datada de 9 de maio de 2018 (pode ver na íntegra aqui). As primeiras frases manipuladas são extraídas a partir da resposta de Mortágua a uma pergunta sobre os conhecimentos da bloquista relativamente ao panorama jornalístico no Brasil. Depois de falar da concentração dos media e do papel de alguns deles no impeachment da antiga Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, Mortágua destaca o aparecimento de meios alternativos (12’55 minutos de vídeo). “Isto originou o crescimento de blogs, como o vosso ‘O Cafezinho’, mas também de outro tipo redes alternativas, como a ‘Mídia Ninja’, mas também de ativismo de media. Que nós não temos, por exemplo, tão desenvolvido na Europa. E que no Brasil foi muito importante na criação de narrativas alternativas sobre o impeachment”, afirma, explicando que fala “não só de narrativas, mas [da] criação de ativismo de resistência, de movimentos sociais, de redes sociais de resistência, bom para ligar lutas que aparentemente são atomizadas mas depois acabam por juntar-se nesse ativismo de media”. Posteriormente, o autor do podcast questiona Mortágua sobre se “os media em Portugal são muito conservadores” e esta responde assim: “Nos meios de comunicação, nós temos meios de comunicação públicos, nomeadamente a televisão e a rádio, uma agência de notícias. Temos meios de comunicação privados. Temos depois operadoras mais variadas do ponto de vista das telecomunicações. Não te vou dizer que não tem havido uma concentração porque tem havido uma concentração de capital em geral. Houve aliás um processo de privatizações em Portugal, no período da troika, que ajudou à concentração de capital, sobretudo à entrada de capital estrangeiro, capital espanhol e capital angolano. Sobretudo estes dois entraram nos meios de comunicação em Portugal, alguns com presença mais antiga”. “Apesar de tudo, mantemos alguma pluralidade nos meios de comunicação social que temos, com as dificuldades que existem sempre do ponto de vista da regulação. Mas isso não é nada que esteja grave ao nível do que acontece no Brasil. O Bloco de Esquerda não tem dificuldade em fazer passar, por exemplo, nas televisões, algumas mensagens que acha importantes, nem nos jornais… Temos alguma presença nos jornais. Eu acho que há apesar de tudo um certo equilíbrio”, acrescenta Mortágua, em mais algumas frases que também foram utilizadas na manipulação. Aos 15’48 minutos da entrevista, Mortágua fala então da situação política em Portugal: “Nós pertencemos a uma maioria parlamentar de esquerda, que é composta pelo Bloco de Esquerda, pelo Partido Comunista Português, pelo Partido Ecologista ‘Os Verdes’ (…) e pelo Partido Socialista. A esta maioria parlamentar responde um Governo minoritário do Partido Socialista. Ou seja, o Bloco de Esquerda não pertence ao Governo, nem o Partido Comunista, nem ‘Os Verdes’. Há um governo minoritário que tem um apoio parlamentar que é avaliado de Orçamento em Orçamento”. Alguns segundos depois explica a composição do Parlamento português, indicando que os partidos que negociaram com a troika ainda detêm uma maioria quando a esquerda não se junta ao PS. “Essa é a razão da existência deste acordo em Portugal. É que foi a direita que ganhou as eleições. E eles só não governam hoje, os dois partidos de direita só não conseguem governar hoje, porque os partidos de esquerda permitiram ao Partido Socialista governar em minoria”, afirma. É já na parte final da entrevista que Mortágua refere que o Brasil vive “uma luta de resistência”, defendendo então que “é sempre preciso estabelecer alianças amplas, alianças políticas amplas, capacidade de diálogo. Porque essas são as lutas de resistência: descobrir quem é o nosso inimigo comum. E o inimigo comum no Brasil é uma agenda conservadora, anti-democrática e em alguns casos fascista, que está a dominar a política brasileira”. Nas declarações ao Polígrafo, a fonte oficial bloquista sublinha que “este é mais um exemplo em que dirigentes do Chega divulgam desinformação sobre o Bloco de Esquerda com o propósito de difamar os seus dirigentes, os seus ativistas e a sua proposta política, ao pior estilo de Trump e Bolsonaro”. Questionado pelo Polígrafo, Miguel Lourenço respondeu que o vídeo lhe tinha sido “enviado por uma suposta jornalista brasileira que entretanto apagou as contas das redes” e que também ele já o retirara da sua conta no Twitter. Importa aqui salientar que a gravação publicada no Facebook foi apagada apenas depois de ser contactado pelo Polígrafo. “Considero que o áudio pode ser fake. De facto, sim, parece muito. Mas o seu conteúdo é verdadeiro, no sentido de haver ativismo dos media e de a esquerda governar apenas por maioria parlamentar”, concluiu. __________________________________________ Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social. Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é: Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos. Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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