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| - “O salário mínimo nacional tem já uma perda de 50 euros desde o início do ano. Lembra-se do maior aumento do salário mínimo de sempre? Resultou numa perda de poder de compra significativa. Os salários reais estão a diminuir e é exactamente o contrário do que António Costa andou a prometer em campanha eleitoral, que era necessário aumentar salários”, declara João Ferreira, ex-eurodeputado e atual vereador do PCP na Câmara Municipal de Lisboa, em entrevista ao jornal “Público” (edição de 7 de setembro).
Está a acontecer o contrário e o PS abdica de tomar qualquer medida que intervenha na redistribuição de riqueza a favor dos salários. Preserva intocáveis os lucros especulativos, abdica de medidas de tributação adicional desses lucros”, acrescentou o dirigente comunista, membro da Comissão Política do partido
Confirma-se que “o salário mínimo nacional tem já uma perda de 50 euros desde o início do ano”?
De facto, no boletim de “Estatísticas do Emprego – Remuneração bruta mensal média por trabalhador” referente ao primeiro trimestre de 2022 (pode consultar aqui), elaborado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), informa-se que “a remuneração bruta total mensal média por trabalhador (por posto de trabalho) aumentou 2,2% no trimestre terminado em março de 2022 (1.º trimestre do ano), em relação ao mesmo período de 2021, para 1.258 euros. A componente regular daquela remuneração aumentou 1,7%, situando-se em 1.127 euros, e a remuneração base subiu 1,6%, atingindo os 1.058 euros. Em termos reais, tendo como referência a variação do Índice de Preços no Consumidor, a remuneração bruta total média diminuiu 2,0% e tanto a regular como a base diminuíram 2,5%“.
“Estes resultados abrangem 4,3 milhões de postos de trabalho, correspondentes a beneficiários da Segurança Social e a subscritores da Caixa Geral de Aposentações”, especifica-se.
Ora, o salário mínimo nacional no presente ano de 2022 está fixado em 705 euros, pelo que a diminuição real de 2,5% no primeiro trimestre corresponde a cerca de 18 euros.
Mais recentemente, no boletim de “Estatísticas do Emprego – Remuneração bruta mensal média por trabalhador” referente ao segundo trimestre de 2022 (pode consultar aqui), o INE destaca que “a remuneração bruta total mensal média por trabalhador (por posto de trabalho) aumentou 3,1% no trimestre terminado em junho de 2022 (2.º trimestre do ano), em relação ao mesmo período de 2021, para 1.439 euros. Tanto a componente regular como a componente base daquela remuneração aumentaram 2,5%, situando-se em 1.139 euros e 1.069 euros, respetivamente. Em termos reais, tendo como referência a variação do Índice de Preços do Consumidor, a remuneração bruta total média diminuiu 4,6%. As componentes regular e base diminuíram ambas 5,1%“.
“Estes resultados abrangem 4,4 milhões de postos de trabalho, correspondentes a beneficiários da Segurança Social e a subscritores da Caixa Geral de Aposentações”, especifica-se.
Ou seja, tendo novamente em conta que o salário mínimo está fixado em 705 euros, a diminuição real de 5,1% no segundo trimestre corresponde a cerca de 36 euros.
Somando estes valores referentes aos dois primeiros trimestres chegamos à conclusão de que, em termos reais, o salário mínimo nacional perdeu ou desvalorizou em cerca de 54 euros no primeiro semestre.
A alegação de Ferreira até peca por defeito, o que pode ser explicado por se tratar de variações homólogas aplicadas a um valor fixo (o salário mínimo de 705 euros), mas entendemos que a referência de 50 euros de perda real tem fundamento.
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Avaliação do Polígrafo:
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