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| - Os vídeos e teorias sobre o Titan, o submersível que implodiu durante uma expedição ao Titanic, continuam a multiplicar-se nas redes sociais — desde alegadas imagens do exterior que mostram o acidente, até o alegado momento gravado de dentro do aparelho. As evidências apontam todas no mesmo sentido: é falso que haja qualquer fotografia ou vídeo que mostre o acidente.
O tema fez muitas manchetes de jornais, as teorias sobre as possibilidades de sobrevivência dos passageiros com base no oxigénio que estaria disponível foram noticiadas durante vários dias, mas no final confirmou-se o pior desfecho: a Guarda Costeira dos EUA revelou que foram encontrados escombros no fundo do mar, perto do Titanic, e que o Titan teria sofrido uma “implosão catastrófica” sem deixar sobreviventes.
As autoridades dos EUA confirmaram que os destroços encontrados são “consistentes com a perda catastrófica da câmara de pressão” (cone da cauda da embarcação e duas secções do casco de pressão) — para se ter noção da dimensão, os destroços do Titanic estão a 12.500 pés de profundidade, o equivalente a 3.700 metros; na altura do acidente uma animação em 3D comparava a distância com alguns dos edifícios mais altos do mundo, em particular o Burj Khalifa, cuja estrutura mede 828 metros.
Ainda que estes destroços sejam suficientes para se perceber que se trata do Titan, nada indica, por exemplo, que os corpos das vítimas ou alguma evidência dos passageiros possam vir a ser recuperados. A guarda costeira chegou a argumentar que está em causa “um ambiente incrivelmente implacável” que poderá tornar impossível ou extremamente difícil essa recuperação ou confirmação.
Em declarações à BBC, Guillermo Söhnlein, cofundador da empresa que detinha o Titan, a OceanGate, admitiu que o submergível podia ter implodido “instantaneamente”: “Quando se está a operar em profundidade, a pressão é tão elevada em qualquer submarino que se houver uma falha será uma implosão instantânea. Se foi isso que aconteceu, terá acontecido há quatro dias [quando desapareceu].”
Todo o ambiente que se vive naquele local é uma das provas mais evidentes de que nenhum vídeo poderia ser gravado durante o momento da implosão do Titan. Só seria possível caso houvesse uma outra expedição no local que tivesse captado o momento — o que não aconteceu, isso teria em primeiro lugar evitado as buscas e esperanças relativamente à sobrevivência dos passageiros e o vídeo acabaria por ser divulgado através de plataformas confiáveis, desde logo órgãos de comunicação social.
Após o acidente surgiram muitos vídeos que mostravam a forma como o Titan podia ter implodido: o momento exato, os segundos que demorou, os destroços; mas nenhuma das imagens é real ou pode ser considerada como tal — pelo menos até que haja uma conclusão da investigação que está a ser levada a cabo pelas autoridades.
Pressão de 400 kg por centímetro quadrado, som detetado pelos EUA e destruição “violentíssima”. Como uma implosão pode ter destruído o Titan
Outra das questões levantadas é se os passageiros fotografaram ou filmaram durante a expedição ou antes do acidente, uma questão que só podia ser respondida caso algum dos objetos encontrados o permitisse. Porém, a profundidade e a pressão terão destruído qualquer material do género. Aliás, as equipas que estão a investigar o caso, tendo em conta que não existe caixa negra, estão a analisar todos os destroços para perceberem onde e como se deu a rutura da fibra de carbono que levou ao acidente, segundo explicou um antigo comandante da Marinha Real britânica, Ryan Ramsey, à BBC.
Além deste, um dos vídeos que está a ser divulgado mostra a tripulação, a câmara a virar para a janela do Titan e logo de seguida a explosão. Trata-se de um vídeo manipulado, já que foi gravado na expedição de 2021 e faz parte de uma reportagem com Aaron Newman, que fez parte dessa viagem. A sequência de imagens foi alterada acrescentando-se o momento da explosão.
Num caso com a dimensão mediática do Titan, em que a empresa e as vítimas foram escrutinadas ao milímetro, qualquer vídeo real da explosão do submersível teria sido divulgado por vias oficiais e/ou credíveis, nomeadamente pela comunicação social.
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Conclusão
Não há qualquer evidência que possa comprovar que o vídeo em causa é real, pelo contrário. Não há forma de o momento de implosão do Titan ter sido gravado no fundo do mar e muito menos de, caso tivesse acontecido, não ter sido divulgado por meios oficiais ou fidedignos (o que nunca aconteceu). Todo o caso tomou grandes proporções mediáticas e no seguimento do acidente começaram a ser divulgados vídeos falsos do alegado momento da implosão — com exceção para os que foram produzidos apenas enquanto simulações do que poderá ter acontecido e que são apenas isso, simulações. Como tal, é errado dizer-se que o vídeo é do momento da implosão do Titan quando será apenas uma montagem.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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