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| - Não é verdade que o diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antônio Barra Torres, disse que quem se vacinar contra a Covid-19 corre risco sanitário grave, como alegam postagens (veja aqui). As publicações tiram de contexto uma fala dele à CNN Brasil em fevereiro deste ano, quando criticou uma proposta de lei que liberava o uso de vacinas que não passaram pelo crivo do órgão regulador.
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QUEM SE VACINAR CORRE RISCO SANITÁRIO GRAVE ADMITE DIRETOR PRESIDENTE DA ANVISA... A AGÊNCIA BRASILEIRA DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA.
Um trecho de uma entrevista do presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, à CNN Brasil em fevereiro deste ano circulou nas redes sociais fora de contexto para atribuir a ele um alerta de que a vacinação contra a Covid-19 representaria risco sanitário grave.
Na verdade, durante sua fala, Torres apenas criticou trechos da MP n° 1003/2020, que permitia a aprovação de uso emergencial de vacinas sem análise da Anvisa. É a este aspecto específico da lei que ele se refere quando usa os termos “risco sanitário grave”.
Tanto a pergunta da apresentadora Luciana Barreto quanto a resposta de Barra Torres sobre esta particularidade da medida provisória foram editadas e retiradas de contexto para dar a entender que o tema abordado era o risco de ser vacinado.
A gravação que traz a entrevista completa, de cerca de 12 minutos, foi veiculada pela emissora no dia 10 de fevereiro. O diálogo entre Barra Torres e a apresentadora Luciana Barreto começa a 6 minutos e 44 segundos do vídeo. Confira a transcrição na íntegra:
Luciana Barreto: “Queria que o senhor explicasse, até para quem está nos vendo agora e para quem está nos ouvindo agora, tentando entender o que realmente está acontecendo. Todos nós desejamos a chegada da vacina, mais doses da vacina com mais celeridade, mas e o risco desse artigo 5º [da Medida Provisória] que o senhor falou agora, da retirada de autonomia da Anvisa. Na prática para a população, a gente corre algum risco?”
Antonio Barra Torres: “Corre risco sanitário grave. Simples assim. Porque o fato de estar aprovado ou registrado em outro país não necessariamente autoriza o uso no Brasil sem riscos”.
Na época em que a MP foi enviada para sanção presidencial, a Anvisa se posicionou oficialmente contra o texto. Na nota, a agência reiterou o artigo mencionado por Torres na entrevista indicando que a medida provisória “pode contrariar o interesse público já que, na forma da redação final, haveria uma imposição para a aprovação das vacinas sem a prévia análise técnica de segurança, qualidade e eficácia. Ou seja, a norma retiraria o papel técnico de análise da Anvisa, delegando à agência uma função cartorial”.
O artigo acabou vetado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A peça de desinformação também foi desmentida pelo Fato ou Fake e pela CNN Brasil.
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