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| - Uma publicação efetuada no Facebook afirma que o excesso de mortalidade registado em Portugal está a acontecer de modo semelhante em toda a Europa: “A situação é idêntica, o que estamos a observar é o genocídio dos povos europeus, que estão a ser substituídos na sua identidade, valores, cultura e religião”.
É uma linha de pensamento inspirada na Grande Substituição, uma teoria da conspiração em que se acredita que um determinado povo, ou pelo menos as suas características socioculturais, estão propositadamente a ser alteradas ou eliminadas por outros povos.
Mas o excesso de mortalidade não é uma realidade em todos os países, nem o valor desse excesso é idêntico em todos os países. Na semana que antecedeu a publicação deste conteúdo, o excesso de mortalidade em Portugal era considerado “baixo” pelo EuroMOMO, que observa a mortalidade em 28 países europeus.
Essa avaliação coincide com a aplicada em países como a Grécia, Bélgica, Países Baixos, Estónia ou Eslovénia, por exemplo. Mas Espanha, por exemplo, registou um excesso de mortalidade considerado “elevado” e tinha nesse momento a situação mais preocupante do conjunto dos 28 estados.
Mas também há países europeus que não registaram qualquer excesso de mortalidade na semana em análise. É o caso da Irlanda, todos os países do Reino Unido, Noruega, Suécia, Áustria, Hungria, entre outros. Ou seja, no que toca à mortalidade geral, a Europa tem andado a várias velocidades.
De resto, nada faz crer que esteja a haver um “genocídio dos povos europeus”. Em Portugal, em entrevista ao Observador, Ana Paula Rodrigues, médica de saúde pública do departamento de epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) apontou as explicações que estão em cima da mesa para o excesso de mortalidade em Portugal.
“O excesso de mortalidade que se observa em Portugal nos últimos meses está relacionado com a elevada incidência de Covid-19 e o calor extremo que se fez sentir nas últimas semanas”, respondeu a especialista. “No entanto, haverá outros fatores a contribuir para a elevada vulnerabilidade da população, que podem ter sido agravados durante o período da pandemia, relacionados com fatores socioeconómicos, acesso e qualidade dos serviços de saúde, comportamentos de risco e doenças crónicas“.
Deficiências no sistema de saúde podem explicar o excesso de mortalidade. Mas a resposta final só chegará em 2024
Conclusão
Não é verdade que o excesso de mortalidade registado em Portugal esteja a acontecer de modo “idêntico” em toda a Europa.
Os dados europeus revelam que o país está no grupo de Estados que, embora registem um excesso de mortalidade, ela continuava a ser baixa na semana em que a publicação em análise foi realizada. Há mesmo países que não registaram qualquer excesso de mortalidade; e o caso de Espanha, cuja métrica é classificada pelo EuroMOMO de “elevada”.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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