schema:text
| - “Surpreendendo um total de zero pessoas, o Grupo Parlamentar do Chega na Assembleia da República acabou de contratar o pai de uma deputada à Assembleia da República (Rita Matias) para seu assessor político. Além de, claro, a ex-deputada do PAN, o ex-candidato do Bloco de Esquerda, uma adjunta do ex-Grupo Parlamentar do CDS-PP, etc. Enfim, só é enganado quem quer”, denuncia-se num tweet de 19 de abril, remetido ao Polígrafo para verificação.
O despacho, publicado na terça-feira em “Diário da República”, com efeitos já desde 29 de março, revela que André Ventura, presidente provisório do Grupo Parlamentar do Chega, nomeou um total de 11 assessores, entre os quais três jurídicos, cinco políticos e três destinados à imprensa. Entre eles estão figuras conhecidas, como a ex-deputada não inscrita (ex-PAN) Cristina Rodrigues, ou até Paulo Ralha, que chegou a ser candidato a deputado pelo Bloco de Esquerda em 2011.
No conjunto de nomeados há mais ligações políticas, nomeadamente Hélder Manuel Rosa Alves, motorista que exerceu funções no gabinete do ministro do Turismo, Telmo Correia, do CDS-PP, em 2004. Também Maria João da Cruz Pedrinho Évora, antiga secretária do Grupo Parlamentar do CDS-PP, assume agora o cargo de adjunta do Grupo Parlamentar do Chega.
Além destes nomes, há um que salta à vista e que já fez, aliás, parte das listas de candidatos do Chega por Almada. Nos últimos anos assumiu o cargo de assessor de Ventura na Assembleia da República mas agora, depois de ver a filha, Rita Matias, eleita deputada à Assembleia da República pelo partido que assessorava, Manuel Matias volta a assumir o cargo, desta vez no Grupo Parlamentar.
Manuel Matias é ainda o antigo presidente do Partido Pró-Vida/Cidadania e Democracia Cristã (PPV) – do qual Rita Matias chegou a fazer parte – e além da deputada também José Maria Matias, o irmão, foi o quinto candidato pelo Chega à Câmara Municipal de Lisboa. Como ele, Paulo Renato Matias, tio dos dois jovens, foi candidato à Junta de Freguesia de Benfica, ocupando o sexto lugar nas listas do partido.
No tweet recorda-se que, a 13 de março de 2021, Ventura deu entrada na Assembleia da República com uma proposta de revisão constitucional, o “Projeto Mortágua”, que visava limitar as “relações familiares (1.º e 2.º graus) no exercício de cargos políticos” e estabelecer “proibições absolutas de natureza constitucional” nessa matéria.
“A lei definirá as inelegibilidades de familiares para os diversos cargos políticos, sendo expressamente proibidas relações familiares de 1.° e 2.°grau dentro do Governo, do mesmo Grupo Parlamentar na Assembleia da República ou nas Assembleias Legislativas Regionais, ou ainda na mesma lista de candidatura a Órgão Regional ou Local”.
À data, no Twitter, o líder do Chega afirmou que “o Governo de Costa estava cheio de relações familiares, Mariana Mortágua e Joana Mortágua são irmãs no mesmo grupo parlamentar, as autarquias são a vergonha que se conhece. Queremos acabar com isto“.
_________________________________
Avaliação do Polígrafo:
|