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| - “Com esta governação interrompeu-se mais de uma década de estagnação e recessão e voltámos a convergir com a União Europeia. Vamos voltar a convergir em 2021. Atingimos taxas de desemprego historicamente baixas. Vamos sair no final desta década, efetivamente, com uma economia com uma estrutura profundamente transformada e é essa ambição que queremos ter e temos de manter”, afirmou o primeiro-ministro António Costa, em entrevista ao jornal “Expresso”, publicada no dia 20 de agosto.
Confirma-se que “atingimos taxas de desemprego historicamente baixas”?
O período de governação de António Costa remonta a novembro de 2015, quando tomou posse do cargo de primeiro-ministro pela primeira vez. A taxa de desemprego já estava a cair desde o pico de 16,2% registado em 2013, durante o período de resgate financeiro da troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) ao Estado português, diminuindo para 13,9% em 2014 e para 12,4% em 2015 (de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística e da Pordata).
Em 2016, o primeiro ano integral de governação de Costa, a taxa de desemprego continuou a diminuir, cifrando-se em 11,1%. Ainda bastante longe dos níveis “historicamente baixos” evocados agora pelo primeiro-ministro.
A tendência de queda da taxa de desemprego prolongou-se nos anos seguintes, a par do crescimento económico, atingindo 8,9% em 2017, 7% em 2018 e 6,5% em 2019. Em 2020, sob os efeitos ao nível económico da pandemia de Covid-19, voltou a aumentar pela primeira vez desde 2013, fixando-se em 6,8%.
O melhor registo da governação de Costa verificou-se no ano de 2019, com uma taxa de desemprego de 6,5%. Desde o ano de 2003, com 6,3%, que a taxa de desemprego em Portugal não era tão baixa.
Contudo, trata-se apenas de um ano entre um total de cinco (ou quase seis completados) da governação de Costa. E mesmo esse valor de 2019 está bastante acima dos verificados entre 1998 e 2002, quando a taxa de desempregou oscilou entre 3,9% e 5%.
Definir o que são “taxas de desemprego historicamente baixas” tem uma componente de subjetividade que dificulta a nossa classificação. No entanto, parece ser seguro concluir que, no mínimo, a declaração do primeiro-ministro é imprecisa, na medida em que a taxa de desemprego baixou para níveis próximos de 4% no início da década de 1990, no final da década de 1990 e no início da década de 2000.
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Avaliação do Polígrafo:
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