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| - “Carlos Manuel Castro, vereador PS na governação de [Fernando] Medina na CML e responsável pela Proteção Civil, foi apanhado a tomar indevidamente a vacina Covid com sobras dos lares de idosos e foi obrigado a demitir-se. Pela calada, na semana do Natal quando estão todos distraídos com o menino Jesus e as farófias, a vereação do PS no actual executivo camarário voltou a contratar Castro no dia 23 de Dezembro pela módica quantia de €3921 mensais“, lê-se na publicação partilhada no Facebook por Sofia Afonso Ferreira que, nas últimas eleições autárquicas, foi candidata à Câmara Municipal de Lisboa (CML) pelo partido Nós, Cidadãos.
Segundo a autora do post, “[Carlos Manuel] Castro foi contratado para… tentem adivinhar… assessoria, pois claro, por dois anos, o que totaliza a soma de €95.432,10. É este o valor da falta de vergonha na cara”.
Carlos Manuel Castro, na altura vereador da Proteção Civil na CML, pediu a demissão em fevereiro de 2021. O pedido de renúncia ao cargo aconteceu depois de o autarca ter sido vacinado contra a Covid-19 com doses que sobraram da vacinação dos lares da cidade. A notícia foi confirmada pelo próprio município, num balanço sobre a vacinação nos lares.
No dia 9 de fevereiro de 2021, a Câmara de Lisboa fez saber que, na sequência da vacinação em lares e residências para idosos, sobraram 126 vacinas. Dando cumprimento às determinações das autoridades de saúde, indicou a autarquia, foram administradas 26 doses das vacinas a elementos das equipas envolvidas diretamente na operação de inoculação nos lares, designadamente 15 enfermeiros e oito elementos da Proteção Civil municipal presentes no local da vacinação, incluindo o autarca.
Na altura, o vereador demissionário justificou a sua decisão com o “mal-estar” provocado na autarquia depois ter sido vacinado, considerando que não estavam reunidas as condições para continuar no cargo. “Por não querer que os serviços municipais percam o seu foco, porque ainda estamos num árduo combate, e não quero contribuir para uma situação de instabilidade interna, verifico não estarem reunidas as condições para permanecer em funções e, por isso, apresento a minha renúncia ao cargo”, afirmou então Carlos Castro.
Mas será verdade que o ex-autarca regressou à autarquia, agora com novas funções?
A informação é verdadeira e está disponível no portal Base, onde estão registados os contratos de entidades públicas. No dia 29 de dezembro de 2021, foi publicado um contrato de prestação de serviços adjudicado pelo Município de Lisboa a Carlos Manuel de Brito Castro.
Segundo a descrição, o contrato, que data de 23 de dezembro, tem como objeto a “prestação de serviços de assessoria nas áreas técnicas, como sejam a segurança, a proteção civil, o desporto e a higiene urbana e a conceção e desenvolvimento de políticas públicas municipais, para apoio à atividade do Gabinete dos Vereadores do Partido Socialista onde se inclui o Vereador sem pelouro atribuído, João Paulo Saraiva, bem como implementar e suportar a necessárias articulação da atividade autárquica desenvolvida, promovendo os estudos que se revelem necessários”. Tal como referido por Sofia Afonso Ferreira, o valor contratual corresponde a mais de 95.000 euros.
Contactada pelo Polígrafo, fonte oficial do gabinete dos vereadores do PS na CML confirma que Carlos Castro foi contratado para prestar apoio técnico à vereação socialista. “O seu currículo e passado na autarquia, em funções distintas e com elevados níveis e responsabilidade e ligação a diversos serviços, garante um valioso conhecimento técnico e político”, esclarece a mesma fonte.
A vereação socialista garante ainda que “não existe rigorosamente nenhum óbice ou impedimento à contratação de Carlos Castro, que nunca foi responsabilizado por qualquer eventual irregularidade, e assumiu o erro político com a sua demissão da vereação da autarquia”.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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