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| - O tema da habitação continua na ponta da língua de muita gente. Lisboa já foi considerada a segunda cidade mais cara do sul da Europa para vender e arrendar casa, por algumas plataformas imobiliárias. Mais cara que Milão, Barcelona e Madrid, apenas mais barata que Paris.
É neste contexto que circula uma publicação no Facebook a comparar duas fotografias. Primeiro, um apartamento T2 em Miami, nos Estados Unidos, “com vista para o mar, condomínio com ginásio, 3 piscinas” por 325 mil dólares (296 mil euros) e, depois, uma moradia em Mafra, também um T2, mas sem ginásio, piscina ou vista para o mar, apenas com garagem incluída, por 357 mil euros.
O utilizador conclui logo que o mercado imobiliário português, composto “maioritariamente de casas velhas”, é mais caro do que um “condomínio de luxo” em Miami, Florida.
Em ambos os casos, os anúncios são verdadeiros. O apartamento em Miami está à venda por 325 mil dólares (296 mil euros) e a esmagadora maioria das fotografias mostra vista para o mar, uma piscina exterior e um ginásio. Na descrição, no portal Compass Real Estate, que reúne apartamentos e casas para comprar ou arrendar em várias cidades norte-americanas, pode ler-se que o apartamento fica “à beira mar”, tem um parque infantil “ao virar da esquina”, está protegido de “qualquer barulho de trânsito” e tem de facto “três piscinas e um ginásio gigante”. Uma descrição semelhante à que é feita no Facebook.
O anúncio para comprar uma casa em Mafra por 357 mil euros é também verdadeiro. As fotografias no portal Idealista mostram uma moradia com um espaço exterior e dois terraços, mas sem piscinas, sem ginásio e sem vista para o mar. Na descrição pode ler-se que se trata de um T2, com 190 metros quadrados de área bruta, e 140 metros quadrados de área útil. Não é descrito como um apartamento, mas sim como uma casa ou moradia, construída em 1991, “junto ao centro de Mafra e a 3 minutos da A8”.
Apesar de acertar nos preços de cada casa, a publicação de Facebook omite a área de cada uma das habitações. Apesar de ser mais barato, o apartamento em Miami, que tem cerca de 102 metros quadrados, está a ser vendido por 2.921 euros por metro quadrado, enquanto a moradia em Mafra, que tem cerca de 190 metros quadrados, está a ser vendida por 1.882 euros por metro quadrado. Mesmo reduzindo a área da moradia de Mafra para 140 metros quadrados, a área útil, que não inclui o espaço exterior, o preço continua a ser inferior ao do apartamento em Miami: de 2.553 euros por metro quadrado.
É o indicador do preço por metro quadrado que é utilizado por plataformas imobiliárias quando concluem que Lisboa é a segunda capital do Sul da Europa mais cara para vender e arrendar casa. O estudo da plataforma imobiliária CASAFARI mostra que em Lisboa o preço médio por metro quadrado é de 5.149 euros por metro quadrado, enquanto Paris é de 12.707 euros e Madrid é de 4.062.
Lisboa é a segunda capital mais cara do Sul da Europa para comprar e arrendar casa
E quanto ao preço por metro quadrado de cidades norte-americanas, como Miami? O Observador fez as contas e de acordo com plataformas imobiliárias norte-americanas como o Realtor, o preço médio por metro quadrado em Miami é inferior ao de Lisboa e próximo do valor de Madrid: 4.090 euros por metro quadrado.
Conclusão
Os valores partilhados são verdadeiros, tanto o de um apartamento em Miami (296 mil euros), num “condomínio de luxo”, como o de uma moradia em Mafra (357 mil euros). E mais: o preço médio por metro quadrado de uma casa em Miami é de facto inferior ao de Lisboa, de acordo com os valores apontados por plataformas imobiliárias. O autor da publicação conclui rapidamente que o mercado imobiliário português é “mais caro do que o de Miami” mas omite uma distinção importante: a diferença do valor por metro quadrado de cada habitação. O apartamento em Miami tem 102 metros quadrados, e apesar de ser mais barato, significa que é mais caro por metro quadrado que a moradia em Mafra. A comparação é por isso enganadora.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ENGANADOR
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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