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| - “A Câmara de Coimbra está a intervir com obras na zona Sé Velha e escadas do Quebra Costas, substituído as antigas escadas em calcário centenárias por escadas em granito, numa zona património da UNESCO, provavelmente sem autorização prévia do IPPAR, provavelmente sem acompanhamento de um arqueólogo. As escadas novas com inclinação, uma autêntica vergonha”, pode ler-se numa mensagem enviada por um leitor ao Polígrafo, que solicitou que verificássemos a situação.
O IPPAR que o leitor refere é o antigo Instituto Português do Património Arquitetónico, extinto em 1997 e substituído pela Direção Geral do Património Cultural.
Será verdade?
A Câmara Municipal de Coimbra (CMC) iniciou uma intervenção que tem sido alvo de contestação nas redes sociais. A obra, que está a decorrer na zona histórica da cidade, visa a substituição dos degraus de calcário do Quebra Costas por granito. O material original é tradicional da região.
Num esclarecimento publicado a 29 de maio sobre a requalificação, a Câmara Municipal garante que a utilização do granito não é nova no local. “Em diversa bibliografia e nos anais da Câmara de Coimbra existem referências históricas a obras no Quebra Costas, nomeadamente em 1780 e 1840. Em 1900, depois de queixas registadas por moradores decide-se em 1901 a utilização de degraus em granito, tendo o procedimento sido repetido em 1905“, destaca-se na nota. Aliás, em 2008, a utilização do granito no Quebra Costas já tinha sido noticiada pelo Jornal de Notícias.
A CMC refere que a alteração de materiais não está a ser feita de “ânimo leve“, mas que serve um propósito maior, a segurança do espaço público: “Havendo objetivamente falhas na forma como servia a utilização do calcário nos pavimentos, recusar a sua alteração seria irresponsável a quem tem a obrigação de garantir a segurança no espaço público”.
A CMC garante ainda que a intervenção está a ser acompanhada por arqueólogos e refere que esse acompanhamento é “contínuo“.
“No decorrer de qualquer empreitada no centro histórico são sempre encontrados por baixo da superfície alguns achados, que são avaliados e registados de acordo com as melhores normas e práticas arqueológicas”, acrescenta. Neste caso foram encontrados “alguns degraus antigos” que “estão registados e preservados de acordo com as normas”.
Por outro lado, importa salientar que a obra obteve dois pareceres favoráveis condicionados pela entidade responsável para o efeito, a Direção Regional de Cultura do Centro (DRCC), em 2017 e 2018.
Assim, ainda que seja verdade que os degraus do Quebra Costas estejam a ser alvo de uma intervenção que visa substituir o calcário por granito, este material já tinha sido utilizado noutras requalificações do espaço urbano na Alta e Baixa de Coimbra.
A polémica já deu origem a uma petição com quase 1800 assinaturas, que defende que a substituição dos “históricos degraus de calcário das escadas do Quebra Costas por degraus em material exótico como o granito é, no mínimo, desvalorizar o património e, consequentemente, a cidade”.
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Avaliação do Polígrafo:
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