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| - A imagem está a ser massivamente partilhada nas redes sociais desde ontem, dia 6. Nela, é possível ver, lado a lado, Pedro Fonseca, o estudante de 24 anos assassinado no dia 26 de dezembro no Campo Grande, em Lisboa, durante um assalto, e Luís Giovani Rodrigues, um estudante cabo-verdiano que morreu depois de uma violenta agressão à porta de uma discoteca, em Bragança, na noite de 21 de dezembro. Abaixo das fotografias dos dois jovens, na mesma montagem, está um tweet cuja autoria é atribuída a Joacine Katar Moreira, e que diz: “O assassinato racista do cidadão cabo-verdiano não pode ser confundido com o delito comum ocorrido na FCUL. Um é racismo, o outro foi um mero assalto!!.”
O comentário atribuído a Joacine gerou uma onda de indignação por parte de muitos utilizadores das redes sociais: “O que me revolve as entranhas – tanto quanto o assassinato de pessoas de qualquer cor, etnia ou religião – é a ‘Joaquina’ relativizar o crime que vitimou o jovem de 24 anos, branco, português, como um mero assalto. Mero??? E usar esta tragédia para fazer campanha política. Vai-te catar, ó Joaquina”. Entre as várias partilhas do suposto comentário da deputada também é possível ler-se “Que ridícula…” ou “Esta senhora calada era uma poeta…”
A pergunta que muitos fazem é a que se segue: será que a deputada do Livre escreveu mesmo o tweet em causa?
A resposta é negativa. Em primeiro lugar, porque caso Joacine tivesse feito tal comentário estaria, factualmente, a mentir. O que aconteceu no Campo Grande foi, de facto, um homicídio já confessado pelos autores, detidos ontem, segunda-feira, pela Polícia Judiciária. Em segundo lugar, Joacine Katar Moreira não tem conta de Twitter, portanto, não poderá ter feito uma publicação naquela rede social sobre a morte dos dois jovens. A deputada apagou a conta no início de dezembro, depois de algumas das publicações que assinou terem sido alvo de inúmeros comentários depreciativos na sequência das polémicas em que se viu envolvida. Além disso, a própria Joacine já reagiu ao caso na da sua página no Facebook: “Chegam-me agora também montagens com tweets supostamente meus. Como é sabido, eu não tenho conta no Twitter, pelo que agradeço que ignorem. (…) O ódio e as políticas cuja única função é dividir as pessoas organizam-se de dia para dia. Não passarão.”
Joacine aproveitou ainda para denunciar um fenómeno que lhe escapa ao controlo: “Tenho recebido várias mensagens a alertar-me para a existência de contas falsas em meu nome. (…) agradeço que ignorem e/ou denunciem comentários que nele virem em meu nome”, escreveu.
As acusações a Joacine de racismo e de branqueamento de atos criminosos surgiram pouco depois de a representante do Livre no parlamento ter feito um comunicado sobre a morte de Luís Giovani Rodrigues, onde lamenta “uma vida interrompida pela violência e pelo ódio, seja ele racial ou outro (…) A luta contra o ódio e o racismo é também a luta pelo reforço da democracia”.
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A onda de homenagens e de indignação perante a fatalidade que atingiu Giovani Rodrigues começou depois de várias críticas que apontavam que o acontecimento estava a ser subvalorizado pelo facto de o jovem ser cabo-verdiano, ao invés do homicídio de Pedro Fonseca, por ser português e filho de um antigo inspetor da Polícia Judiciária. Posto isto, a morte de Giovani foi associada a um crime de ódio racial – mas a Polícia Judiciária já esclareceu que suspeita que o crime tenha ocorrido por um motivo “fútil“.
Avaliação do Polígrafo:
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