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| - A prestação de João Cotrim de Figueiredo no debate deste domingo frente a André Ventura parece ter sido esclarecedora, com o presidente da Comissão Executiva do partido Iniciativa Liberal a atirar para canto todas as tentativas de aproximação do líder do Chega, até mesmo quando insistiu numa demarcação do PSD de Rui Rio que não foi acompanhada pelo líder dos liberais, deixando Ventura mais isolado na sua estratégia para as eleições legislativas.
Poucos minutos depois do início do debate de ontem na RTP, Cotrim de Figueiredo fez questão de colocar em causa a fiabilidade do Chega, ilustrando com um exemplo recente:
“O Chega não é confiável. Diz tudo e o seu contrário no espaço de um dia, uma semana, um mês. (…) Há um exemplo paradigmático que foi a famosa votação, em 12 horas, de três formas diferentes, no tema do Novo Banco e da inscrição das verbas no Orçamento do Estado.”
“E a Iniciativa Liberal sabe o que é que aconteceu…”, interveio Ventura, deixando logo depois Cotrim de Figueiredo terminar o seu raciocínio.
Afinal, o que aconteceu? E será que aconteceu, de facto? Em apenas 12 horas?
A 25 de novembro de 2020, no último dia das votações na especialidade do Orçamento do Estado para 2021, Ventura votou contra uma proposta do Bloco de Esquerda, que estabeleceu a anulação da transferência de 476 milhões de euros do Fundo de Resolução destinada ao Novo Banco. A iniciativa foi, ainda assim, aprovada na Assembleia da República com os votos favoráveis dos deputado sdo PSD, BE, PCP e PAN.
Por outro lado, no plenário que discutiu o Orçamento do Estado, a 26 de novembro de 2020, e apesar de, enquanto discursava, Ventura ter garantido que não iria votar a favor da proposta e de, numa primeira votação, se ter abstido, numa segunda ronda de votos, depois da mudança de posição do PSD/Madeira, o deputado do Chega acabou por votar a favor da proposta do Bloco de Esquerda que foi, mais uma vez, aprovada.
Em conclusão, o Chega votou contra a proposta o Bloco de Esquerda para anular a transferência de 476 milhões de euros para o Novo Banco, mas apenas no debate na especialidade. Na votação final, num primeiro momento, Ventura absteve-se, mas com a mudança de sentido de voto do PSD/Madeira, o líder do Chega acabou por votar a favor da proposta do Bloco de Esquerda.
Significa isto que, em menos de 24 horas, Ventura utilizou todos os sentidos de voto possíveis em relação à proposta em causa.
Ao Polígrafo, à data, fonte oficial do Chega explicou que não queria viabilizar “porque a proposta está juridicamente mal feita e pode passar a ideia de incumprimento”. Em relação à mudança de sentido de voto, o partido remeteu para a conferência de imprensa dada por Ventura na Assembleia da República.
“Assumo que mudámos de posição, não porque gostemos da proposta, mas porque ela é um mal menor“, disse o deputado aos jornalistas, ao mesmo tempo que esclareceu que o objetivo era “garantir que a proposta seria aprovada”.
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Avaliação do Polígrafo:
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