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| - Na base do post de 19 de julho no Facebook, remetido ao Polígrafo com pedido de verificação de factos, está um gráfico com as 10 nações mais populosas do mundo, entre 2003 e 2023. Os dados referentes a 2023 consistem, logicamente, numa estimativa, sobressaindo então a prevista ultrapassagem da China pela Índia no topo das nações mais populosas. O gráfico tem o logótipo da Statista e indica a Divisão de População da Organização das Nações Unidas (ONU) como fonte de informação.
“Índia passa a ser em 2023 a nação mais populosa do mundo… China e Índia representam mais de um terço da população global… Os dois países são já os grandes compradores do petróleo russo, a preços mais baratos… Dos 12 países mais populosos apenas dois seguem as sanções à Rússia… O centro do mundo está a mudar para o Oriente, onde vive quase 70% da população do planeta”, destaca-se no texto associado ao gráfico.
Estas alegações têm fundamento?
Os dados do gráfico têm origem no relatório “Perspectivas da População Mundial 2022“, do Departamento de Economia e Assuntos Sociais da ONU, publicado no dia 11 de julho, precisamente o Dia Mundial da População. Esta é já a 27ª edição das estimativas e projeções populacionais da ONU que, ao ritmo bianual, tem apresentado este relatório com dados referentes a todos os 237 países ou territórios do mundo.
Nesta última edição apresentam-se conclusões surpreendentes que têm motivado notícias de jornais e posts nas redes sociais. A título de exemplo, prevê-se que a população mundial atinja um total de 8 mil milhões de pessoas no dia 15 de novembro de 2022. As projeções da ONU indicam também que a população mundial poderá crescer ainda mais para 8,5 mil milhões já em 2030, 9,7 mil milhões em 2050 e 10,4 mil milhões em 2100.
“O crescimento populacional é causado em parte pelo declínio dos níveis de mortalidade, como refletido no aumento dos níveis de esperança de vida à nascença. Globalmente, a esperança média de vida atingiu os 72,8 anos em 2019, um aumento de quase nove anos desde 1990. Prevê-se que novas reduções na mortalidade resultem numa longevidade média de cerca de 77,2 anos, ao nível global, já em 2050″, sustenta-se no relatório.
Além disso, os dados comprovam as alegações do post sob análise, na medida em que, no ano de 2022, “as duas regiões mais populosas estavam ambas situadas na Ásia: Ásia Oriental e Sudeste Asiático, com 2,3 mil milhões de pessoas (29% da população global), e Ásia Central e do Sul com 2,1 mil milhões (26%). China e Índia, com mais de 1,4 mil milhões de habitantes cada, foram as responsáveis pela maioria da população nessas duas regiões”. Assim sendo, confirma-se que, somadas, as populações da China e da Índia representam cerca de 35% da população global.
A realidade é que mais da metade do aumento projetado para a população global até 2050 vai estar concentrado em apenas oito países, de acordo com os dados do relatório da ONU. São eles a República Democrática do Congo, o Egito, a Etiópia, a Índia, a Nigéria, o Paquistão, as Filipinas e a República Unida da Tanzânia. Estas taxas de crescimento díspares entre os maiores países do mundo vão “reordenar a sua classificação por tamanho”, sublinha-se.
Talvez seja por isso que as projeções indiquem, tal como se vê no gráfico acima e como foi inferido no post, que a Índia vai superar a China como o país mais populoso do mundo já em 2023.
No que ao petróleo russo diz respeito, de acordo com Observatório de Complexidade Económica (OEC), base de dados sobre o comércio internacional, em janeiro deste ano o petróleo bruto da Rússia foi exportado principalmente para a China, Países Baixos, Alemanha, Polónia e Itália. Mas também para a Índia. Antes da invasão da Ucrânia, apenas 1% das exportações russas de petróleo eram destinadas à Índia, mas em maio deste ano já tinham aumentado para 18%.
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Avaliação do Polígrafo:
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