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  • Um recorte de um artigo publicado no “Diário de Notícias” em 1944 está a ser utilizado nas redes sociais para alegar que, no dia 31 de julho desse ano, Portugal sofreu uma “onda de calor“. Várias publicações baseiam-se nos dados apresentados no artigo para argumentar que as notícias sobre as elevadas temperaturas registadas nos últimos dias são “alarmistas“. Há ainda quem aproveite essa notícia publicada há 78 anos para sustentar que “não há nenhum aquecimento global” e que estes fenómenos extremos mostram apenas “a natureza a ser como sempre foi“. No entanto, estas alegações não têm fundamento. Em primeiro lugar, apesar de o recorte de jornal ser verdadeiro e de ter sido partilhado em 2016 pelo “Diário de Notícias” na respetiva página oficial no Facebook, o artigo refere-se às altas temperaturas registadas num dia em concreto, sem mencionar uma “onda de calor”. No mesmo sentido, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) confirma que, de facto, “o dia 31 de julho de 1944 foi um dia extremamente quente em quase todo o território”, mas que não ocorreu uma “onda de calor, pois os valores da temperatura máxima do ar, no dia anterior e no seguinte variaram entre 25 e 30 °C”. Em resposta ao Polígrafo, o IPMA explica que uma onda de calor ocorre “quando num intervalo de pelo menos seis dias consecutivos, a temperatura máxima do ar diária é superior em 5°C ao valor médio diário (no período de referência 1961-1990)”. Ou seja, as publicações que indicam que a 31 de julho de 1944 foi registada uma onda de calor semelhante à atual estão a difundir uma falsidade. Noutro plano, o IPMA recorda que “desde a década de 1940, período em que existem observações meteorológicas sistematizadas num maior número de estações e disponíveis em suporte informático, têm-se verificado ondas de calor, de extensão espaço-temporal variável”, mas que “é a partir da década de 1990 que se verifica a maior frequência deste fenómeno“. Mais, de acordo com os dados fornecidos pelo IPMA, as ondas de calor que merecem “particular referência pela intensidade, duração e extensão espacial e também pelos impactos socioeconómicos” aconteceram depois de 1980: em junho de 1981 (dias 10 a 20), julho de 1991 (dias 10 a 18), agosto de 2003 (29 julho a 15 de agosto), junho de 2005 (dias 30 maio a 11 de junho; e dias 15 a 23), julho de 2006 (dias 6 a 18), julho de 2013 (dias 3 a 13), junho de 2015 (dias 1 a 11), junho de 2017 (dias 7 a 24), agosto de 2018 (dias 1 a 6), julho de 2020 (dias 4 a 13; dias 9 a 18), agosto de 2021 (dias 10 a 17) e junho de 2022 (dias 6 a 17). Em declarações ao Polígrafo, o climatologista Carlos da Câmara esclarece que é verdade que “houve temperaturas elevadas e ondas de calor em todas as épocas”, mas sublinha que “os estudos [como este ou este] têm mostrado que as ondas de calor que têm vindo a afetar a Europa nos últimos anos têm vindo sucessivamente a ser mais intensas, mais duradouras e mais extensas“. E o que pode explicar a intensificação deste fenómeno? O professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa responde que “isso tem que ver com alterações na dinâmica da circulação da atmosfera que estão, por sua vez, ligadas a um forçamento radiativo devido à ação humana, nomeadamente por emissão de gases com efeito de estufa“. Ou seja, estes eventos extremos estão relacionados com as alterações climáticas. Aliás, o último relatório do Painel Internacional da ONU para as Alterações Climáticas (IPCC) prevê que “as alterações climáticas e eventos extremos relacionados aumentarão significativamente os problemas de saúde e as mortes prematuras de curto a longo prazo” e que, “globalmente, a exposição da população às ondas de calor continuará a aumentar com o aquecimento adicional”. Por fim, tal como o Polígrafo já verificou, as temperaturas baixas ou elevadas registadas num determinado ponto do planeta e num dia específico não são suficientes para provar nem um aquecimento, nem um arrefecimento global. ___________________________________ Este artigo foi desenvolvido no âmbito do European Media and Information Fund, uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian e do European University Institute. The sole responsibility for any content supported by the European Media and Information Fund lies with the author(s) and it may not necessarily reflect the positions of the EMIF and the Fund Partners, the Calouste Gulbenkian Foundation and the European University Institute.
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