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| - “Oeiras, nos seus curtos 46Km2 e com apenas 1,7% da população do País representa 13% do PIB e tem os melhores indicadores de desenvolvimento de Portugal. Os radicais da extrema esquerda aqui nunca passarão!” Este é o sétimo e último ponto do comunicado assinado por Isaltino Morais e publicado no site do município de Oeiras, no dia 4 de julho.
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Intitulado “Os radicais estão a destruir Portugal”, assume-se como uma resposta a um outro texto, do Bloco de Esquerda, inserido no site daquela força política após a visita ao concelho de Oeiras, nesse mesmo dia, da sua líder, Catarina Martins (na companhia de Carla Castelo, vereadora da coligação Bloco-LIVRE-Volt).
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Noutras ocasiões, Isaltino Morais já se tinha referido ao grande peso de Oeiras no PIB nacional. “O ponto de partida já é muito elevado, praticamente 13% do PIB é gerado aqui em Oeiras. A fasquia já é muito alta e, portanto, o crescimento a partir de agora tem de ser mesmo muito qualitativo e há áreas aqui nos estão a criar alguns problemas”, afirmou o autarca em maio de 2019 aos jornalistas.
Mas será mesmo que um só município – neste caso, Oeiras – representa 13 por cento do total gerado por 308 municípios?
Atendendo à referência ao PIB, o Polígrafo começou por pesquisar pelo critério do PIB per capita. No entanto, a malha geográfica mais fina que está disponível quanto a este indicador é o NUTS III, pelo que não é possível aferir o resultado concelho a concelho – facto confirmado pelo gabinete de apoio aos jornalistas do Instituto Nacional de Estatística (INE).
O Polígrafo contactou a Câmara Municipal de Oeiras para solicitar a indicação do dado estatístico e respetiva fonte que suportava a afirmação de Isaltino Morais. A assessoria de imprensa da autarquia explicou, por escrito, que a percentagem referida no comunicado se baseava nos “dados do INE de 2020 respeitantes ao volume de negócios das empresas de Oeiras”, cujo valor é “25.001.168.077€”, cruzado com o PIB provisório apontado para 2020 (também pelo INE), de “200.087.571.000€”.
Assim, segundo o Executivo do município:
“25.001.168.077 / 200.087.571.000 = 12,5% ~ 13%”
O Polígrafo confirmou o registo estatístico do volume de negócio das empresas de Oeiras (cerca de 25 mil milhões). Porém, esse dado, metodologicamente, não pode ser comparado, para efeitos de cálculo de percentagem, com o de outro universo, o PIB nacional.
O volume de negócios das empresas de Oeiras deve, sim, ser comparado com valor nacional referente a esse mesmo item (“volume de negócios das empresas por Localização geográfica e Atividade económica”). Assim:
Volume de negócios das empresas de Oeiras – 25.001.168.077€
Volume de negócios das empresas em Portugal – 371.475.656.337€
25.001.168.077€ / 371.475.656.337€ = 6,7 %
Assim, é falso que o município de Oeiras represente 13 por cento do PIB nacional. Desde logo, porque não é possível a obtenção do PIB per capita por concelho. Quanto à categoria estatística da qual partiu a autarquia para fazer a comparação entre o município e o total nacional (volume de negócios das empresas), verifica-se que o peso de Oeiras no total do país é 6,7 por cento e não 13 por cento.
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Avaliação do Polígrafo:
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