schema:text
| - É falso que relator da OEA tenha dito que '8 de janeiro' foi armado
É falso que um relator da OEA (Organização dos Estados Americanos) que visitou o Brasil tenha dito que os atos golpistas de 8 de janeiro foram "programados" ou que sejam uma "cortina de fumaça".
O homem que aparece no vídeo que circula nas redes sociais fazendo tais afirmações é o advogado Julio Pohl, do grupo cristão ultraconservador ADF Internacional. Já o relator especial para Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da OEA que visitou o país se chama Pedro Vaca Villareal. Os dois estiveram juntos em uma reunião com parlamentares de oposição.
O que diz o post
O recorte de um vídeo publicado pelo deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS) sobre a reunião entre parlamentares de oposição e o relator especial da CIDH da OEA, Pedro Vaca Villareal, é compartilhado com a seguinte legenda enganosa: "Relator da OEA acaba de anunciar que dia 8 de janeiro foi tudo programado. Iai Alexandre de Moraes responde eles com o mesmo argumentos que você faz".
No trecho usado no post desinformativo, um homem diz que "esses casos não começaram com os infelizes eventos de 8 de janeiro de 2023, isso é um pretexto, um acordo" e cita uma "portaria 69".
Por que é falso
O homem no vídeo enganoso não é Pedro Vaca Vilarreal. O relator especial da OEA se reuniu com autoridades e parlamentares brasileiros em Brasília esta semana. Vaca teve encontros com ministros do STF (veja aqui), com deputados e senadores da base governista (aqui) e também da oposição (leia aqui, aqui e aqui).
Homem no vídeo é advogado de grupo conservador. Ele aparece em um vídeo sobre a reunião entre Pedro Vaca Villareal e parlamentares bolsonaristas que foi compartilhado nas redes pelo deputado federal Marcel Van Hattem (Novo-RS). O homem é apresentado como Julio Pohl, advogado da ADF Internacional (leia aqui), uma organização de direita, cristã e ultraconservadora que atua oferecendo apoio jurídico em pautas antiaborto e contra o casamento homoafetivo. A ADF é classificada como "grupo de ódio" por organizações que estudam movimentos extremistas. A instituição mantém relação no Brasil com a Anajure (Associação Nacional de Juristas Evangélico) e o IBDR (Instituto Brasileiro de Direito e Religião).
No vídeo, Julio Pohl cita uma "portaria 69". Na íntegra da sua fala, no vídeo completo, ele agradece a visita do relator da CIDH, e afirma que "os casos de censura no Brasil começaram em 2019 com a emissão da Portaria 69". Em seguida, diz que o "8 de Janeiro" é uma cortina de fumaça do STF para "continuar a censura que existe há anos no Brasil". Pelo contexto da fala, o advogado parece se referir ao Inquérito das Fake News, que foi instaurado pela "Portaria GP Nº 69, de 14 de março de 2019" (confira aqui).
Visita da CIDH ao Brasil. Uma delegação da Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão da CIDH visita o país a convite do Estado brasileiro. O objetivo é analisar a situação da liberdade de expressão no Brasil (leia aqui).
Viralização. No Instagram, vídeos com o conteúdo desinformativo registram mais de 15.000 curtidas e mil comentários.
Este conteúdo também foi verificado por Aos Fatos.
Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.
Siga também o canal do UOL Confere no WhatsApp. Lá você receberá diariamente as checagens feitas pela nossa equipe. Para começar a seguir, basta clicar aqui e ser redirecionado.
|