schema:text
| - “Direto e reto! Presidente do Comité Organizador da Copa do Mundo da FIFA no Qatar, Nasser Al-Khater: ‘Quem levantar a bandeira LGBT na Copa do Mundo vai ficar preso por 7 a 11 anos. Estamos aqui num país islâmico, você deve respeitar a nossa religião, crenças e cultura'”, lê-se num dos posts (e tweets) que difundem a suposta declaração de Al-Khater.
Neste caso, acresce o seguinte comentário: “No Campeonato do Mundo de Futebol que se vai realizar no Qatar. Por cá, assiste-se ao circo de orgulho LGBT, isto merece reflexão.”
Primeiro problema, o indivíduo retratado na imagem não é Al-Khater, mas sim Hassan Al-Thawadi, secretário-geral da Comissão Suprema para a Entrega e Legado, outra estrutura ligada à organização do Campeonato Mundial de Futebol no Qatar.
Através de ferramentas de análise de imagens, como a “TinEye” e a “InVID“, identificamos a respetiva origem no arquivo da agência Alamy. É uma fotografia captada por Nick Potts no dia 31 de março de 2022, registando um momento do discurso proferido por Al-Thawadi no âmbito do 72.º Congresso da Federação Internacional de Futebol (FIFA) que decorreu em Doha, capital do Qatar.
Segundo problema, não há qualquer registo público de tal declaração sobre as bandeiras LGBT, nem de Al-Khater, nem de Al-Thawadi, nem de um suposto “porta-voz” (como se indica nas publicações em língua castelhana da mesma imagem associada à mesma frase) da Comissão Organizadora do Campeonato Mundial de Futebol no Qatar.
Aliás, a “Maldita.es”, plataforma espanhola de verificação de factos, confirmou junto da Comissão Organizadora (ou mais especificamente, do respetivo Departamento de Comunicação) que tal declaração não foi proferida nem por um qualquer porta-voz, nem pelos dois referidos dirigentes.
Na génese deste equívoco poderá estar uma notícia da Associated Press, datada de 1 de abril de 2022, que cita um responsável pela segurança do evento no Qatar a sugerir que bandeiras LGBT poderão ser retiradas aos espectadores “para os proteger de serem atacados por promoverem os direitos dos homossexuais”.
Em declarações à Associated Press, o major general Abdulaziz Abdullah Al Ansari (diretor de logística do Ministério da Administração Interna do Qatar e presidente da Comissão Nacional de Contra-Terrorismo) garantiu que os casais LGBT serão bem recebidos e aceites no Qatar durante a competição, embora as relações homossexuais continuem a ser criminalizadas naquele país banhado pelo Golfo Pérsico.
Mas o facto é que não há qualquer comunicado oficial das autoridades do Qatar, nem da Comissão Organizadora do evento, sobre a eventual proibição de bandeiras LGBT nos estádios. Por seu lado, a FIFA garantiu no final de 2020 que tanto as bandeiras como as camisolas arco-íris (do movimento LGBT) serão permitidas durante a competição. Mais recentemente, porém, o jornal britânico “The Guardian” questionou as autoridades do Qatar sobre essa matéria e obteve uma resposta dúbia ou pouco esclarecedora.
_______________________________
Avaliação do Polígrafo:
|