schema:text
| - “A Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira rejeitou um voto de pesar ao falecimento do Luís, trabalhador dos SMAS [ndr: Serviços Municipalizados de Água e Saneamento] de V.F.X. há quase 30 anos. Morreu a trabalhar e teve um acidente de trabalho. Se fosse o Presidente de uma qualquer SONAE, até decretavam luto municipal.” Este é o conteúdo de uma das várias mensagens disseminadas no Twitter nos últimos dias, nas quais se critica a postura dos partidos e eleitos que não aprovaram o voto de pesar apresentado pela coligação que une PCP e Os Verdes.
De acordo com as publicações, a proposta teve os votos a favor de CDU e PAN, sendo que o Bloco de Esquerda se absteve. PS (o partido com mais eleitos neste órgão), Coligação Mais (PSD-MPT-PPM), o independente António Martins e o presidente da União de Freguesias de Alhandra, S. João dos Montes e Calhandriz, Mário Cantiga, teriam votaram contra.
A Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira chumbou mesmo o voto de pesar proposto pela CDU pela morte de um trabalhador do SMAS durante o exercício das suas funções?
O voto de pesar pelo falecimento de Luís Grilo foi apresentado pelos eleitos da coligação que junta comunistas e ecologistas na reunião da Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira de 29 de setembro, transmitida via Youtube. E o documento foi mesmo chumbado pelos outros partidos e independentes eleitos, com excepção do PAN, que apoiou a proposta e o BE que se absteve.
Ao Polígrafo, o presidente da Comissão Política Concelhia de Vila Franca de Xira do PS, Paulo Afonso, defende que o “PCP apresentou um suposto voto de pesar pela morte de Luís Grilo com o qual pretendia pura e simplesmente lançar suspeições sobre os SMAS”. Em causa, explica, está o terceiro parágrafo da proposta, onde se lê: “Neste momento, não podemos também descurar a importância e a responsabilidade dos SMAS, enquanto Entidade Empregadora, no apoio à família e à sua salvaguarda, após esta perda irreparável”.
O dirigente socialista relata que “o PS ainda propôs a retirada do parágrafo para que pudesse haver uma votação unânime”, uma opção igualmente defendida pela coligação que integra o PSD, pelo independente António Martins e pelo presidente da União de Freguesias de Alhandra, S. João dos Montes e Calhandriz, Mário Cantiga. Nas suas intervenções, defenderam que o texto extravasava os limites de um voto de pesar e que o mesmo estava a ser usado para fins políticos.
A CDU recusou e avançou com uma possível alteração de expressões do texto: trocar “descurar” por “deixar passar”. Os outros partidos e eleitos negaram tal possibilidade e o texto foi a votos na sua versão original.
Na altura, a eleita pela coligação entre PCP e Os Verdes, Joana Bonita, defendeu o texto do voto de pesar ao reafirmar que não se estavam “a atirar responsabilidades para cima de ninguém” e que, apesar de estar a decorrer um inquérito para se apurar os detalhes do acidente, a entidade empregadora tem a obrigação de acompanhar a família do funcionário que morreu. Apoio esse, sublinhou, que deve ir além do pagamento do funeral de Luís Grilo.
Paulo Afonso afirma ainda que na sessão imediata à morte do funcionário municipal, a 15 de setembro, foi feito um minuto de silêncio – cerimonial que também tinha sido cumprido no próprio dia do acidente fatal, na reunião da Câmara Municipal. Só 20 dias depois a CDU apresentou o voto de pesar que os socialistas criticam.
“O PS não aceita que se lancem gratuitamente insinuações nem processos de intenções. E muito menos aceita a inadmissível instrumentalização do falecimento de um trabalhador para combate político”, defende o responsável socialista, para quem o “PCP quis fazer baixa política e atuou com falta de ética”.
O PS acusa ainda os comunistas de não terem respeitado a família de Luís Grilo e o seu período de luto. “A política deve ser feita com elevação, com responsabilidade, com valores e com respeito pelos cidadãos”, finaliza Paulo Afonso.
______________________
Avaliação do Polígrafo:
|