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| - A descoberta de uma vacina contra a Covid-19 tem concentrado os esforços da comunidade científica em todo o mundo. Mas há quem questione os métodos utilizados para chegar ao resultado final e avance mesmo que, no caso das vacinas com base RNA (ácido ribonucleico), podem estar em causa alterações de DNA.
“As vacinas [de RNA] para Covid-19 estão a ser projetadas com o objetivo de nos transformar em organismos geneticamente modificados”, denuncia-se num vídeo que está a ser difundido das redes sociais, por alguém que se identifica como “médica interna, com experiência em osteopatia”.
É verdade que as vacinas com base RNA alteram o código genético das células humanas?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 37 das mais de 160 vacinas que estão a ser testadas para combater a infeção provocada pelo novo coronvírus são vacinas base de RNA.
“O mRNA pode ser usado para transportar informação genética exógena para dentro das células com o objetivo final de desencadear uma resposta imune contra a proteína codificada”, explica-se em tese de mestrado sobre estas vacinas, no âmbito de “perspetivas de utilização contra o cancro, apresentada à Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra por João Rego.
A técnica consiste em inserir uma parte dos genes de um determinado patógeno em plasmídeos, moléculas de ácido ribonucleico presentes nas bactérias. Estes plasmídeos são injetados no corpo humano e entram nas células, onde reproduzem partes do agente causador da doença – neste caso, o novo coronvírus – para obter uma resposta imunológica do organismo. Ou seja, o código genético que é modificado é o de uma molécula de uma bactéria e não o de um ser humano.
Segundo a OMS, esta abordagem oferece algumas vantagens em comparação com métodos mais tradicionais. Desde logo porque eliminam a necessidade de inserir qualquer agente infeccioso, como um vírus enfraquecido, no corpo humano. E também são mais fáceis de produzir em larga escala. Até hoje, nenhuma vacina produzida chegou a ser aprovada para aplicação em humanos.
Das quatro vacinas contra a Covid-19 que já entraram na terceira fase de testes, apenas uma tem como base RNA, a desenvolvida pela Moderna Therapeutics, nos EUA.
A empresa de biotecnologia recebeu recebeu recentemente autorização para avançar para a etapa final dos testes da vacina contra o novo coronavírus. Esta decisão surgiu depois de a empresa de biotecnologia ter publicado os resultados da primeira fase de testes na conceituada revista científica The New England Journal of Medicine, onde se revela que os 45 voluntários desenvolveram imunidade relativamente ao novo coronavírus.
O estudo concluiu que a mRNA-1273 é segura, apesar de terem sido reportados efeitos colaterais leves em mais de metade dos voluntários na primeira fase de testes. Cansaço, dores de cabeça, dores musculares ou incómodo no local da injeção foram os mais comuns. Os efeitos secundários fizeram sentir-se com maior incidência no grupo que recebeu 250 miligramas – três deles tiveram febre alta -, uma dosagem que foi excluída nas fases seguintes dos testes, mantendo-se apenas as de 50 e 100 miligramas.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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