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| - A notícia corre em inúmeros murais no Facebook, mas terá origem num vídeo publicado no YouTube no dia 19 de junho, que já coleciona mais de 51 mil visualizações. Em jeito de telejornal amador, a gravação mostra um homem que se apresenta como “professor Emílio, do programa Opinião Católica”, que dá conta de que “Bento XVI foi exilado na Alemanha”, no dia 18 de junho.
Ao longo de cerca de 4 minutos, o suposto professor refere que “o Vaticano disse que o motivo seria visitar o seu irmão doente (na Alemanha), porém acaba de ser noticiado que, na verdade, Bento XVI foi exilado do Vaticano”, notícia que terá sido avança por “Frei Alexis, aquele que esteve no protesto a favor de Bento XVI e foi preso pela polícia do Vaticano. O Frei é especializado em Bento XVI e tem sido perseguido por isso (…) foi confirmado por várias fontes que o papa Bento XVI foi expulso, foi expulso do Vaticano e colocado sob condições que parecem ser prisão e exílio”.
À margem da alegada notícia, inconveniente para o Vaticano e escondida dos grandes meios de comunicação, o narrador, que fala em português do Brasil e que parece estar a ler um guião a partir de um computador posicionado ao lado da câmara, refere-se a Bento XVI como o “verdadeiro Papa” e como um “obstáculo moral” ao Papa Francisco, que terá, para a Igreja Católica, “objetivos revolucionários”. O vídeo termina com um alerta preocupante: “Bento XVI pode estar em grave risco de vida.”
A história parece demasiado rebuscada de mais para ser verdadeira. Ainda assim, será que existe alguma possibilidade concreta e real de o Papa emérito ter sido realmente expulso do Vaticano e mandado para a Alemanha, sem qualquer previsão de regresso a Itália? A reposta é não, tal como dá conta o Boatos.org, plataforma brasileira de verificação de factos.
Em primeiro lugar, o anúncio feito no vídeo tem várias características comuns às notícias falsas: é alarmista, é vago e cita fontes que não são credíveis. Por exemplo, a fonte primária para a informação é um “Frei Alexi”», pessoa da qual não existe qualquer rasto em sites de informação credíveis.
Em segundo lugar, vários jornais, rádios e televisões internacionais e portugueses deram conta, realmente, de que o Papa emérito viajou até à Alemanha no dia 18 de junho, mas para visitar o irmão, de 96 anos, que está doente. Na altura, o diretor de imprensa do Vaticano avançou que Bento XVI iria ficar junto do irmão “o tempo necessário”, e que tinha sido acompanhado pelo monsenhor Georg Gaenswein, por um médico, por uma enfermeira e por seguranças.
Em terceiro e último lugar, o facto que esmaga qualquer possibilidade de a verdade ter sido outra que não a oficial: o antigo Papa regressou ao Vaticano quatro dias depois, a 22 de junho.
Em conclusão, é falso que Bento XVI foi expulso da sede da Igreja Católica e está exilado na Alemanha. É certo que o Papa emérito viajou até à terra natal, mas apenas para visitar o irmão, que está doente. Quatro dias depois, o único sumo pontífice a renunciar ao cargo em 700 anos, voou de novo até à casa onde continua e vai continuar a viver, no Vaticano.
Avaliação do Polígrafo:
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