schema:text
| - A teoria negacionista das alterações climáticas – cujos defensores consideram o aquecimento global “mentira”, “fraude” ou “farsa” – circula, muitas vezes, nas redes sociais associada à ideia de que a produção e o consumo de carne não têm impacto negativo no planeta.
Os autores dessas publicações defendem que está a ser criada uma narrativa falsa de que a culpa do aquecimento global é da “flatulência das vacas” e há até quem escreva que para “salvar o planeta” é preciso consumir ainda mais carne.
No entanto, tal como explica a Organização das Nações Unidas (ONU) na sua página oficial e ao contrário do que alegam estes posts, os alimentos de origem animal estão geralmente “associados a maiores emissões de gases de efeito estufa”, contribuindo por isso para o aquecimento global.
Neste artigo sobre o impacto da alimentação nas alterações climáticas, a organização esclarece que “a produção de carne geralmente requer pastagens extensas que são criadas, muitas vezes, pelo corte de árvores, libertando dióxido de carbono armazenado nas florestas” e que os animais, como as vacas e as ovelhas, emitem metano, um dos gases com efeito de estufa, durante a digestão dos alimentos. No mesmo texto, sublinha-se que “os dejetos do gado nas pastagens e os fertilizantes químicos usados nas lavouras para alimentação do gado emitem óxido nitroso, outro poderoso gás com efeito estufa”.
Além disso, as Nações Unidas já expuseram que “aproximadamente 32% das emissões de metano causadas pelo homem são atribuíveis a vacas, ovelhas e outros ruminantes que fermentam alimentos nos seus estômagos”.
Por outro lado, o mais recente relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) revela que “dietas ricas em proteínas vegetais e pobres em carnes e lacticínios estão associadas a menores emissões de gases com efeitos de estufa”.
Importa sublinhar que em nenhum momento estes artigos apresentam a flatulência das vacas como o único responsável pelas alterações climáticas, nem defendem uma abolição completa do consumo de carne, ao contrário do que insinuam algumas publicações.
___________________________________
Este artigo foi desenvolvido no âmbito do European Media and Information Fund, uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian e do European University Institute.
The sole responsibility for any content supported by the European Media and Information Fund lies with the author(s) and it may not necessarily reflect the positions of the EMIF and the Fund Partners, the Calouste Gulbenkian Foundation and the European University Institute.
|