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| - “Depois do ciclo do derrube de estátuas, supostamente de esclavagistas ou de colonialistas, de procurarem transformar a História numa prostituta de estrada, desejando entregar-lhe a virtude dos inocentes, eis que os pseudomilitantes anti-racistas, no fundo meros ignorantes da condição humana, iniciaram movimentos contra a música“, alega-se no post de 6 de abril, contando já com mais de 400 partilhas no Facebook.
E prossegue: “Uma das universidades mais prestigiadas do mundo discutiu a possibilidade de [não] estudar Bach, Mozart, Beethoven, porque as suas prodigiosas criações causariam sofrimento aos negros. Felizmente a proposta foi recusada“. Num lamento sobre a “demência dos auto-proclamados ‘Antifas'”, sublinha-se ainda que “é hora de resistir”.
Mas será que estas alegações têm fundamento?
É apenas um rumor que terá origem num artigo do jornal britânico “The Telegraph”, datado de 27 de março deste ano, reportando propostas de “mudanças nos cursos de graduação que questionam a ‘conivência com a supremacia branca‘ do programa curricular atual” na Universidade de Oxford, Reino Unido.
“Os documentos revelam que os docentes têm proposto reformas para dar resposta a esta ‘hegemonia branca’, incluindo repensar o estudo da notação musical por se tratar de um ‘sistema representivo do colonialismo‘”, lê-se no artigo em causa.
“Os professores afirmaram que o repertório clássico ensinado em Oxford, que abrange obras de Mozart e Beethoven, concentra-se muito na ‘música europeia branca do período de escravatura‘”. Além desta frase, referente ao corpo docente, não há no texto qualquer informação sobre o suposto facto de a universidade estar a considerar excluir partituras do seu programa curricular.
Em declarações à Associated Press, um porta-voz da Universidade de Oxford, Stephen Rouse, garantiu que a instituição não considerou nenhuma proposta que pudesse interromper o estudo da notação musical ou da leitura de partituras.
A mesma fonte acrescentou ainda que muitas das opiniões que o artigo do “The Telegraph” atribuiu aos “professores” vieram, afinal, de um único indivíduo.
Rouse disponibilizou à Associated Press uma declaração do corpo docente de música da Universidade de Oxford, destacando que o programa curricular tem tido em vista algumas alterações, durante os “últimos dois anos”, mas que virão a público apenas durante o Verão deste ano.
“Enquanto mantemos a excelência na análise crítica, história e desempenho de uma ampla gama de música artística ocidental, vamos explorando maneiras de aumentar as oportunidades de os nossos alunos estudarem uma maior variedade de arte musical não ocidental e de música popular de todo o mundo, que é oferecida atualmente, bem como a composição musical, psicologia e sociologia da música, educação musical e muito mais”, salienta-se no comunicado.
A Faculdade de Música reiterou, nessa mesma nota, que as alegações de que a Universidade de Oxford está a considerar remover partituras do seu programa estão “completamente incorretas“.
“Nenhuma proposta ou sugestão foi feita sobre partituras ou notação musical ocidental”, lê-se num excerto publicado pela Associated Press.
Em suma, é falso que a Universidade de Oxford esteja a ponderar excluir obras musicais referentes ao período colonial do seu programa curricular. As mudanças previstas na Faculdade de Música podem, no entanto, abrir portas a mais partituras não ocidentais e de “música popular de todo o mundo”, oferecendo aos alunos uma gama mais ampla e diversa de produções musicais.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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