schema:text
| - Surgiram nas redes sociais publicações que colocam a hipótese de existir uma relação entre a toma da vacina contra a Covid-19 e o desenvolvimento de aneurismas cerebrais. O Polígrafo falou com especialistas para esclarecer a questão.
João Gonçalves, diretor do Instituto de Investigação do Medicamento (iMed) e professor de Farmácia na Universidade de Lisboa, comenta que “estas vacinas têm sido responsáveis por tudo e mais alguma coisa, mas o aneurisma certamente não é um desses casos“. “O aneurisma é muito diferente dos trombos”, afirma o diretor do iMed, sublinhando que “não existe nenhuma relação causa efeito com a vacina para a Covid-19″.
Os efeitos tromboembólicos – que foram identificados pela Agência Europeia do Medicamento são sintomas raros das vacinas para a Covid-19 produzidas pelas farmacêuticas AstraZeneca e Johnson&Johnson – não têm também qualquer relação com o aparecimento de aneurismas, “são patologias totalmente diferentes”, acrescenta o professor.
Enquanto os aneurismas são uma “pequena distensão das veias que estão dentro do cérebro e que rebentam devido a uma tensão arterial elevada”, os fenómenos tromboembólicos estão relacionados com o aparecimento de coágulos sanguíneos – que bloqueiam as artérias e impedem o acesso do oxigénio às células – e com a diminuição do número de plaquetas, o que provoca hemorragias. “O aneurisma leva muito tempo a desenvolver-se, não aparece em algumas semanas ou meses”, esclarece João Gonçalves.
“O aneurisma é muito diferente dos trombos”, afirma o diretor do iMed, sublinhando que “não existe nenhuma relação causa efeito com a vacina para a Covid-19”.
Também Luís Graça, imunologista e investigador no Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Universidade de Lisboa, explica que “os aneurismas são situações que se estabelecem ao longo do tempo e que não é expectável que possam surgir rapidamente após um evento, nomeadamente a vacinação”. O investigador sublinha ainda que “o sistema imunitário não tem relação com o processo e formação dos aneurismas”.
Sobre os efeitos adversos das vacinas, Luís Graça lembra que “existe um sistema de vigilância de complicações dos medicamentos suficientemente robusto para conseguir identificar fenómenos extremamente raros” – como aconteceu com os efeitos tromboembólicos. Nesta vigilância, não foi identificada qualquer associação entre a toma da vacina e o aparecimento de aneurismas.
“Os aneurismas são situações que se estabelecem ao longo do tempo e que não é expectável que possam surgir rapidamente após um evento, nomeadamente a vacinação”.
Os aneurismas são uma doença, muitas vezes, “silenciosa” e, por isso, João Gonçalves alerta para alguns sintomas que podem denunciar esta patologia: dores de cabeça num local específico, náuseas, desequilíbrio e tensão arterial alta. “Quando estes sintomas se encontram, é aconselhável que as pessoas contactem o seu médico para fazer um check-up“, alerta.
________________________________
Avaliação do Polígrafo:
|