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| - “Vamos forçar as prefeituras a começarem a prevenção urgente. E fazer a distribuição gratuita”, apela-se na mensagem da publicação em causa. “Vamos nos cuidar! Precaução é sabedoria! Sou a favor!”
Os referidos medicamentos são eficazes no tratamento da Covid-19?
A toma de medicamentos para prevenir ou curar a infeção provocada pelo novo coronavírus tem sido um dos temas que mais divisões tem provocado durante a pandemia. Enquanto a grande maioria da comunidade científica aponta para a ineficácia da hidroxicloroquina, por exemplo, alguns chefes de Estado, tais como o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, têm feito campanha a favor do medicamento.
Esta semana, aliás, Bolsonaro revelou que testou negativo ao novo coronavírus com uma publicação nas redes sociais em que está a segurar uma embalagem de hidroxicloroquina.
No início da pandemia, a hidroxicloroquina chegou a ser apontada como uma terapêutica antiviral experimental, mas as autoridades de saúde acabaram por decidir não continuar a utilizar o medicamento.
Num documento da Direção-Geral da Saúde (DGS) de 23 de março de 2020, intitulado como “Abordagem do Doente com Suspeita ou Infeção por SARS-CoV-2”, no qual se estabelecem diretrizes relativamente à pandemia do novo coronavírus, indicava-se que a hidroxicloroquina, a par do remdesivir e do lopinavir/ritonavir, “são terapêuticas antivirais experimentais, porque ainda não têm evidência científica para esta indicação terapêutica específica (Covid-19)”.
“Não existem atualmente medicamentos autorizados para o tratamento de Covid-19 nem estão também autorizadas quaisquer vacinas. Existem, contudo, várias moléculas apontadas como possíveis candidatos terapêuticos. À data, considerando o conhecimento científico atual e as recomendações da OMS, encontram-se em investigação, entre outras, as seguintes estratégias terapêuticas: remdesivir, lopinavir/ritonavir, e cloroquina ou hidroxicloroquina”, sublinhava-se no texto.
No dia 29 de maio, e seguindo orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde) e a DGS decidiram recomendar a suspensão do tratamento com o fármaco em doentes com Covid-19.
“Após estudo com mais de noventa mil doentes com Covid-19, publicado pela revista The Lancet, a 22 maio de 2020, a OMS decidiu suspender a inclusão de novos doentes em tratamento com hidroxicloroquina no ensaio clínico global Solidarity. Este ensaio estava a decorrer em vários países e ainda estava em fase de implementação em Portugal, onde não houve doentes incluídos até à data”, pode ler-se num comunicado de imprensa do Infarmed.
”Os autores do estudo referem ‘não ter conseguido confirmar o benefício da hidroxicloroquina ou da cloroquina nestes doentes’, apontando um acréscimo de efeitos adversos potencialmente graves, incluindo ‘um aumento da mortalidade‘, durante a hospitalização de doentes com Covid-19, conclusões que terão de ser confirmadas através de ensaios clínicos aleatorizados e controlados, uma vez que este estudo apresenta várias limitações. Neste sentido, a OMS decidiu suspender os ensaios clínicos em curso, até nova avaliação em junho”, conclui-se.
Mais recentemente, no dia 4 de julho, a OMS tomou mesmo a decisão de descontinuar a utilização da hidroxicloroquina em doentes hospitalizados. “Os resultados interinos dos testes demonstram que a hidroxicloroquina e a lopinavir/ritonavir diminuem pouco ou nada a mortalidade de pacientes com Covid-19 hospitalizados, comparando com os tratamentos convencionais”, pode ler-se em nota publicada na página oficial.
A ivermectina e a azitromicina
Questionado pelo Polígrafo, o virologista Celso Cunha explicou que é “perigoso” defender a toma de antibióticos, como a azitromicina, por exemplo, “que podem provocar o surgimento de bactérias resistentes”. Estas tornam-se capazes de sobreviver a qualquer medicamento, tornando os antibióticos ineficazes.
O virologista Pedro Simas também recomenda precaução quanto ao uso da ivermectina para combater a Covid-19. Em declarações ao Polígrafo sublinhou que um estudo recente onde são apontados resultados positivos utilizou “doses cerca de mil vezes superior ao que é seguro nos animais”. Por isso, a ivermectina ainda não foi testada em animais e, muito menos, em seres humanos.
No referido estudo indica-se que a ivermectina “é um antiparasitário aprovado pela Food and Drug Administration”, dos EUA, e que “reduz o efeito do novo coronavírus em 48 horas”. No entanto, avisa-se que “são necessárias mais investigações para garantir possíveis benefícios em humanos”.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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