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| - É falso que a cantora Pabllo Vittar recebeu R$ 5 milhões via Lei Rouanet enquanto um hospital do câncer infantil foi fechado pela falta de R$ 1,7 milhão em verbas, como alegam publicações nas redes. Além de Vittar nunca ter sido beneficiada com recursos da Rouanet, as peças de desinformação distorcem informações sobre crises financeiras enfrentadas por duas instituições de tratamento de câncer em 2017 que não levaram ao encerramento de suas atividades.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam centenas de compartilhamentos no Facebook e 2.000 curtidas no Instagram até a tarde desta quarta-feira (25). As peças enganosas circulam também no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance (fale com a Fátima).
Hospital do Câncer Infantil fechado por R$ 1.700.000. 500 crianças ficaram sem tratamento. Lei Rouanet libera R$ 5.000.000 para show de Pabllo Vittar.
Publicações nas redes têm disseminado informações falsas e descontextualizadas sobre a cantora Pablo Vittar e crises financeiras ocorridas em 2017 em duas instituições de tratamento ao câncer para criticar supostas medidas tomadas pelo governo federal:
- Ao contrário do que alegam os posts, Vittar nunca recebeu R$ 5 milhões em recursos via Lei Rouanet;
- Também não é verdade que um Hospital do Câncer Infantil teria sido fechado pela falta de R$ 1,7 milhão em verbas;
- As peças de desinformação misturam casos ocorridos em 2017 em duas instituições de tratamento de câncer — em nenhuma das situações os hospitais encerraram atividades.
Em busca no Versalic, plataforma do Ministério da Cultura que lista projetos culturais que recebem incentivos fiscais, Aos Fatos não encontrou nenhum projeto de Pabllo Vittar que tenha sido beneficiado com recursos do governo federal. As pesquisas foram feitas tanto em nome da cantora (veja aqui e aqui) quanto em nome de seus empresários (veja aqui e aqui). O boato circula ao menos desde 2017 e já foi desmentido pela assessoria da cantora.
Já o suposto fechamento de um hospital para o tratamento de câncer que deixaria 500 crianças sem tratamento faz referência a uma crise financeira enfrentada em 2017 pelo hospital do Grendacc (Grupo em Defesa da Criança com Câncer), em Jundiaí (SP). Na época, a instituição ainda não recebia recursos federais. Não há menção a uma dívida de R$ 1,7 milhão.
Naquele ano, o hospital anunciou que encerraria a assistência 24 horas por falta de recursos, o que poderia prejudicar o atendimento de 500 crianças, e disse que buscava credenciamento federal para continuar operando. Os atendimentos foram mantidos por meio de empréstimos, e o credenciamento ocorreu no ano seguinte.
Por fim, o caso da falta de R$ 1,7 milhão em verbas envolve outro hospital, o Instituto de Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho, em São Paulo. Também em 2017, a instituição anunciou que fecharia um de seus quatro andares após o ex-presidente Michel Temer (MDB) negar aumento de R$ 1,7 milhão em repasses para atendimentos. Aos Fatos entrou em contato com o instituto para saber sobre a situação financeira atual, mas não houve retorno até a publicação desta checagem.
A Lei Rouanet é um mecanismo de fomento à cultura que permite que empresas e pessoas físicas invistam em projetos selecionados pelo Ministério da Cultura. As iniciativas culturais recebem um registro no Pronac (Programa Nacional de Apoio à Cultura) e a autorização para que possam captar recursos com patrocinadores, que podem descontar do seu Imposto de Renda os valores que forem repassados.
São recorrentes nas redes peças de desinformação que enganam sobre o incentivo a projetos culturais. Aos Fatos já desmentiu, por exemplo, alegações falsas referentes à atriz Cláudia Raia, às cantoras Ludmilla e MC Pipokinha e ao apresentador Luciano Huck.
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