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| - Após o anúncio da recente remodelação governamental, a propósito de uma pergunta feita pela RTP sobre se o governo poderia estar a dar uma imagem de fragilidade por não ter encontrado soluções na sociedade civil para substituir Pedro Nuno Santos, Costa retorquiu: “Neste momento é absolutamente essencial, em que estamos a entrar num novo ano, em que entrou em vigor há dois o novo Orçamento de Estado, dar execução àquilo que está em curso. Decidi escolher duas pessoas que precisamente por terem experiência governativa, por terem provas dadas da sua capacidade de execução, por conhecerem os trâmites da administração, por já estarem habituados àquilo que são as práticas burocráticas que são absolutamente indispensáveis para garantir a boa transparência na execução do investimento público, não serão um fator de pausa, de entorpecimento, mas, pelo contrário, de energia renovada na execução de um Orçamento de Estado onde o investimento público aumenta 18%, designadamente nas áreas das Infraestruturas, e para continuar a dar execução a uma política central hoje na sociedade portuguesa que é a política da habitação.”
Além disso, o Primeiro-Ministro chamou a atenção para o facto de, ao longo dos sete anos que já leva na liderança do Executivo, os seus Governos terem alegadamente mantido um “bom equilíbrio” entre pessoas com experiência política e pessoas que provinham da sociedade civil. “Se olhar para os 55 membros do Governo verá que cerca de um terço são pessoas que nunca tinham exercido qualquer cargo político. E, portanto, é desse equilíbrio que se faz e, neste caso concreto, julgo que o mais importante, aquilo que mais importa aos portugueses, é terem a confiança de que há estabilidade nas políticas. Há continuidade no investimento e num momento tão crítico na economia global, num ano em que, como disse ontem o Presidente da República, é um ano decisivo para o nosso futuro, não há aqui nenhum compasso de espera, mas, pelo contrário, há continuidade normal na ação política”, sublinhou.
É verdade que dos 55 membros do Governo (Costa já não inclui Pedro Nuno Santos e Alexandra Reis nesta contagem), “cerca de um terço são pessoas que nunca tinham exercido qualquer cargo político”?
A resposta é afirmativa.
Começando pelos 18 ministros do atual Governo, incluindo já João Galamba e Marina Gonçalves neste cálculo, apenas cinco – Helena Carreiras, António Costa Silva, Pedro Adão e Silva, Elvira Fortunato e Ana Abrunhosa (que mantém o cargo desde 2019) – não tinham exercido cargos políticos antes de serem nomeados para as atuais funções.
Olhando para os 37 secretários de Estado, 18 não tinham exercido cargos políticos: Mário Campolargo, Francisco André, Bernardo Ivo Cruz, Patrícia Gaspar, Jorge Alves Costa, Pedro Tavares, Sofia Batalha, Nuno Félix, Pedro Cilínio, Isabel Cordeiro, Pedro Nuno Teixeira, António Leite, Margarida Tavares, Ricardo Mestre, Hugo Santos Mendes (este demissionário no seguimento da saída de Pedro Nuno Santos), Isabel Ferreira, Rui Martinho e Teresa Coelho.
Destes, importa referir que cinco – Patrícia Gaspar, Hugo Santos Mendes, Isabel Ferreira, Rui Martinho e Teresa Coelho – transitaram do anterior governo de Costa para o atual, não tendo tido cargos políticos prévios a 2019, tal como a ministra Ana Abrunhosa.
Se contarmos com estes seis que transitaram do governo anterior para o atual, mas que não desempenharam cargos políticos prévios a 2019, falamos de 23 elementos vindos da sociedade civil. Já se os excluirmos e contarmos apenas com os que não tinham exercido cargos políticos antes do XXIII Governo Constitucional de Portugal (formado em março de 2022), estamos a falar de 17 ministros e secretários de Estado da sociedade civil.
Em qualquer um dos casos, a alegação proferida pelo primeiro-ministro segundo a qual cerca de um terço dos 55 membros do Governo não tinham exercido cargos políticos antes de nomeação corresponde à verdade.
Avaliação do Polígrafo:
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