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| - “Propaganda vs realidade: Portugal é o quinto país com mais assaltos por ano, o índice que o primeiro-ministro tanto gosta de mostrar está relacionado com possíveis guerras ou golpes de estado, daí o nome ‘Global Peace Index’”, escreve-se numa publicação no Twitter, datada de 14 de outubro.
Ora, será verdade que Portugal é o quinto país da União Europeia com mais assaltos, o que contradiz os dados do “Global Peace Index”?
As afirmações do primeiro-ministro sobre este índice já foram verificadas pelo Polígrafo. A 21 de julho, no debate sobre o Estado da Nação, António Costa, em resposta ao deputado André Ventura, afirmou que “em 2015, Portugal era classificado como o 11º país mais seguro do mundo. Hoje felizmente é considerado o quarto país mais seguro do mundo”. Tal como foi avaliado, na altura, é verdade que o relatório “Global Peace Index 2021” do Institute for Economics & Peace coloca Portugal no quarto lugar no pódio de países mais seguros do mundo, logo depois da Islândia, Nova Zelândia e Dinamarca.
Apesar de a intervenção do primeiro-ministro ser verdadeira, segundo os dados do Eurostat, Portugal foi entre 2016 e 2019 o terceiro país da União Europeia com mais assaltos e não o quinto (isso aconteceu em 2019), como afirma a publicação. No gráfico, Portugal está apenas atrás da Bélgica e de Espanha na média de assaltos relatados às autoridades por cem mil habitantes. O país teve uma média de cerca de 108 assaltos por cem mil habitantes entre 2017 e 2019.
Ao Polígrafo SIC, o gabinete do secretário-geral do Sistema de Segurança Interna explica que “não existe uma contradição na comparação dos indicadores apresentados, uma vez que as fontes e os métodos utilizados são muito diferentes“.
“Os dados do Eurostat fazem uma média dos roubos registados nos anos 2017 a 2019 por 100.000 habitantes (aproximadamente 107,4), o que coloca Portugal em terceiro lugar em relação aos outros estados-membros. Já os dados do “Global Peace Índex”, que colocam Portugal como um dos países mais seguros do mundo, aplica critérios muito diferentes. Este índice baseia-se em 23 indicadores para calcular o nível de segurança, nomeadamente, as três grandes categorias ‘conflitos internacionais e domésticos em curso’, ‘segurança e proteção da sociedade’ e ‘militarização’. Estas categorias subdividem-se em número de conflitos violentos, externos e internos, níveis de confiança, instabilidade política, probabilidade de ocorrência de atos terroristas, número de homicídios e despesa militar em percentagem do PIB, entre outros”, explica a mesma fonte.
“Não existe uma contradição na comparação dos indicadores apresentados, uma vez que as fontes e os métodos utilizados são muito diferentes”.
Segundo o “Relatório Anual de Segurança Interna – Ano 2020” (RASI), em 2017 foram relatados mais de 11 mil crimes de roubo, nas diversas formas. Em 2018, houve um decréscimo para 10.545 crimes desta natureza, mas em 2019 o número de incidentes aumentou 3,6% – houve 10.926 crimes de roubo. Em 2020, houve novamente uma diminuição de 17,8%, passando para 8.976 crimes de roubo nas diversas formas.
Sobre estes valores o gabinete do secretário-geral do Sistema de Segurança Interna acrescenta que é “relevante frisar que a tendência observada em Portugal, na última década, é de decréscimo, tanto dos níveis globais de criminalidade como dos níveis mais especificamente da criminalidade violenta. Contudo, não obstante esta trajetória favorável dos indicadores, a segurança continua a ser um dos pilares da nossa sociedade e como tal merecedora de uma atenção e análise constante”.
“A tendência observada em Portugal, na última década, é de decréscimo, tanto dos níveis globais de criminalidade como dos níveis mais especificamente da criminalidade violenta. Contudo, não obstante esta trajetória favorável dos indicadores, a segurança continua a ser um dos pilares da nossa sociedade e como tal merecedora de uma atenção e análise constante”.
Em suma, é verdade que Portugal figura nos países da União Europeia com mais assaltos e nem está no quinto lugar, como diz a publicação, mas sim em terceiro lugar. Não obstante, a comparação direta entre estes dados e o “Global Peace Index” não pode ser feita, já que são avaliados indicadores diferentes.
Além disso, os dados do Eurostat são referentes a 2019. Em 2020, segundo o RASI, os crimes de roubo desceram 17,8%, o que mostra que, atualmente, a tendência de crimes desta natureza está a baixar, ou seja, os dados de 2020 podem colocar o país num lugar mais satisfatório na base de dados Eurostat.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
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Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.
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