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| - Trata-se de um vídeo com apenas 11 segundos de conteúdo útil que, ao longo dos últimos dias, foi replicado milhares de vezes, sobretudo no Brasil, em plena campanha eleitoral para as eleições presidenciais do próximo mês de outubro.
Na imagem é possível ver e ouvir Luís Inácio Lula da Silva, candidato do Partido dos Trabalhadores, a discursar perante uma plateia no Largo de São Francisco, num evento organizado pela Universidade de São Paulo (USP).
“De manhã só se fala em eleição; você liga o rádio, só se fala em eleição; você lê o jornal, só tem coisa de eleição, e eu não posso falar em eleição”, vai dizendo o ex-Presidente do Brasil, enquanto lança a mão a uma garrafa, transparente, que a escritora, filósofa e professora Marilena Chauí, também em palco, lhe retira apressadamente das mãos, tudo sob o olhar aparentemente preocupado do seu assessor.
O vídeo, que para além de por milhares de anónimos, também foi partilhado por Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho de Jair Bolsonaro, atual Presidente e recandidato à eleição, termina nesse momento. “Você deixaria um bêbado dirigir o seu carro? E o Brasil?” foi a legenda que Bolsonaro filho usou na publicação, que já foi replicado por quase 12 mil pessoas no Twitter.
Você deixaria um bêbado dirigir seu carro? E o Brasil? pic.twitter.com/5t6tGV7Yog
— Eduardo Bolsonaro???????? (@BolsonaroSP) August 18, 2022
Mas uma rápida pesquisa permite aceder à gravação completa do evento, que decorreu no passado 15 de agosto, dia de regresso às aulas, com o pretexto de apresentar o chamado manifesto em defesa da democracia, redigido por um grupo de professores da USP, e onde marcaram presença não apenas Lula da Silva mas também Fernando Haddad, ex-prefeito (presidente da câmara) de São Paulo, e as professoras Marilena Chauí e Ermínia Maricatto.
O vídeo, de cerca de 2 horas e 40 minutos, foi transmitido em direto na conta de YouTube do PT e mantém-se disponível — já foi visto mais de 73.500 vezes.
O excerto partilhado nas redes sociais começa aos 02:00:28 — sendo que não acaba 11 segundos mais tarde, mas aos 19, com Marilena Chauí — que atrapalhadamente retirou a garrafa da mão direita de Lula da Silva — a devolver-lhe a mesma garrafa, já sem tampa, para que o político, com o microfone na mão esquerda, consiga beber.
Garante a equipa de fact-checking do portal brasileiro UOL, que teve repórteres a acompanhar Lula da Silva em todos os atos de campanha até à data, o candidato “nunca deu sinais de embriaguez”. Os assessores também garantiram ao portal brasileiro: a garrafa era de água e não de cachaça, como se diz nas redes sociais.
Conclusão
Não é verdade que Lula da Silva estivesse alcoolizado num comício e que lhe tivesse sido retirada uma garrafa de cachaça das mãos, para o impedir de beber mais. A garrafa continha água, garantiu a assessoria do candidato à presidência do Brasil, e foi-lhe retirada das mãos, sim, mas apenas para ser aberta. No vídeo integral do discurso é possível ver Marilena Chauí a devolver-lhe a garrafa, instantes depois.
Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook
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