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| - No topo surge o logótipo da Organização Mundial de Saúde (OMS) e, logo por baixo, uma contextualização para os dados que se seguem: “VigiAccess foi lançado pela OMS em 2015 para providenciar o acesso à informação do VigiBase, a plataforma global da OMS para reportar potenciais efeitos secundários dos produtos médicos”. São depois apresentados os dados referentes aos relatórios de efeitos secundários de vários medicamentos e vacinas, incluindo da vacina contra a Covid-19 que se destaca com 2.457.386 casos reportados no período de um ano.
A imagem e a descrição indicam que a informação foi reunida a 12 de novembro de 2021. Apesar de conter o símbolo da OMS esta tabela não é oficial, uma vez que se trata de uma compilação de dados que foram retirados individualmente da plataforma VigiAcces de forma a criar um elemento comparativo.
O Polígrafo analisou os dados do dia 7 de dezembro de 2021 que são ligeiramente superiores aos reportados na tabela, como seria expectável. Por exemplo, no caso da vacina contra a papeira reporta agora 716 relatos, mais cinco do que na tabela; a vacina contra a hepatite A passou de 46.773 para 47.181; e o número de relatos sobre a vacina contra a Covid-19 é agora de 2.678.485.
Como é explicado na publicação, a plataforma VigiAccess apresenta os registos de potenciais efeitos secundários dos medicamentos, mas é necessário ter em conta o alerta sobre a interpretação dos dados disponibilizados. No texto que surge assim que se acede ao site, é referido que a VigiAccess tem como objetivo “relacionar os efeitos secundários potenciais, ou seja, sintomas e outras circunstâncias que foram observadas na sequência do uso de um produto médico, mas que pode ou não ser relacionado ou causado pelo produto”. É ainda explicado – com destaque – que a informação divulgada pelo VigiAccess “não reflete nenhuma ligação confirmada entre o produto e um efeito secundário” e que “não pode ser usada para determinar a probabilidade de ocorrer um efeito secundário”.
Não é a primeira vez que são partilhados dados retirados de plataformas de registo de efeitos secundários como argumento para afirmar que as vacinas não são seguras. O Polígrafo já desmistificou publicações que comparavam os efeitos da vacina contra a Covid-19 e a vacina contra a gripe, com base nos dados do Sistema de Notificação de Efeitos Adversos das Vacinas (VAERS)
O Centro de Monitoramento Uppsala (UMC, na sigla inglesa) é responsável pela gestão da VigiAccess. Numa entrevista à plataforma de fact-checking da Agence France Presse, em setembro de 2021, Alexandra Hoegberh, porta-voz da empresa, explicou que esta comparação entre os diferentes medicamentos não “fornece qualquer informação sobre as relativas seguranças [de cada medicamento] quando comparadas entre si”.
Também a OMS garantiu à AFP que os dados apresentados nesta plataforma “não confirmam de maneira alguma” que existe um risco de efeitos secundários acrescido devido às vacinas contra a Covid-19. Sublinha ainda que as informações “não devem ser interpretadas como se significassem que o produto medicamentoso ou a sua substância ativa causaram o efeito observado ou que não são seguros de serem utilizados”.
A OMS afirma que os efeitos relatados na sequência da administração das vacinas contra a Covid-19 podem ser causados por diversos fatores e que “a confirmação de nexo causal é um processo complexo que requer uma avaliação científica completa e detalhada de todos os dados disponíveis”. “As informações contidas nesse site, portanto, não confirmam uma conexão entre um produto médico e um efeito adverso.”
Em Portugal, as reações adversas dos medicamentos podem ser reportadas no Portal RAM – Notificação de Reações Adversas e Medicamentos, uma plataforma que é gerida pelo Infarmed. Segundo o relatório de farmacovigilância, que monitoriza a segurança das vacinas contra a Covid-19, foram reportados 18.155 casos no Portal RAM em 16.249.592 vacinas administradas em Portugal continental e nas regiões autónomas. Estes dados foram contabilizados até dia 30 de outubro de 2021.
Em conclusão, os dados que estão incluídos na tabela foram retirados da plataforma VigiAccess, no entanto, como o portal alerta, isso não significa que os efeitos secundários reportados foram causados pela administração das vacinas. A relação de causa será analisada posteriormente pelas autoridades de saúde. A OMS, que é referida na publicação, também afirma que estes dados não devem ser interpretados como se significassem que um determinado medicamento causa os efeitos reportados e que, por isso, não é seguro.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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