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| - “Nós seremos sempre mais e estaremos juntos, sempre. A loja Zaytouna abriu no mês de maio de 2018. Nasceu de uma amizade entre a Palestina e Portugal e de uma grande vontade de partilhar culturas. Desde o primeiro dia que clientes e amigos, de mais de trinta nacionalidades, entraram nesta loja e a tornaram-na no que ela é hoje: um lugar de tolerância, diversidade e de laços. Apesar de todo este percurso, cheio de coisas boas e de vontade de futuro, hoje acordámos com o ódio escrito nas nossas janelas“, salienta-se no texto da denúncia que está a ser partilhada nas redes sociais, com uma imagem das pichagens nas janelas da loja, instalada no Mercado de Arroios, em Lisboa.
“Ele é direcionado hoje a nós como foi no passado a tantos e tantas amigos e amigas de tantos sítios diferentes. Apresentámos queixa em todas as instâncias e decidimos escrever este texto porque apesar de este discurso de horror ser minoritário ele deve ser combatido e denunciado. Ele quer crescer mas não passará e nós não teremos medo dele”, asseguram os proprietários da Zaytouna (azeitona em árabe) – Mercearia do Médio Oriente.
“A todos e todas que sofrem de discursos de ódio, de racismo, de xenofobia, de homofobia, de transfobia, e a todas as vítimas da Jihad e tantos outros grupos que promovem a violência e a intolerância: não tenham medo. Nós seremos sempre mais e estaremos juntos, sempre”, concluem.
O Polígrafo deslocou-se até ao local e confirmou que a imagem é autêntica. No dia 27 de outubro, as pichagens com os referidos símbolos e inscrições permaneciam visíveis nas janelas da Zaytouna – Mercearia do Médio Oriente.
Posteriormente, em conversa com Catarina e Hindi, a portuguesa e o palestiniano que fundaram e gerem a loja, informaram que já foi apresentada queixa às autoridades. “Chamámos a polícia para denunciar o ocorrido e apresentar queixa. O discurso de ódio é crime, tipificado na lei”.
Catarina e Hindi dizem que este ato de vandalismo representa “uma ameaça a nós e aos nossos clientes de diversas nacionalidades“, apontando para “a cruz patriarcal ligada a movimentos religiosos cristãos” e a frase ofensiva que associa o Islamismo (ou a cultura e a região geográfica do Médio Oriente) ao terrorismo.
“Este é um espaço de partilha de culturas, tolerância e diversidade, precisamente o oposto das guerras religiosas“, sublinham. “Fomos alvo de um discurso de ódio enraizado em preconceitos ignorantes e que não fazem sentido”.
De facto, analisando os dados compilados na “Global Terrorism Database“, verificamos que, ao longo das últimas décadas, a grande maioria das vítimas de atentados terroristas foram cidadãos de países muçulmanos (isto é, países em que a maioria da população professa a fé islâmica).
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Avaliação do Polígrafo:
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