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  • “Os eurodeputados portugueses estão entre os mais ineficazes”. A frase surge numa publicação partilha no Facebook que cita um relatório sobre os trabalhos no Parlamento Europeu. O texto que é partilhado fala mesmo num índice relativo à suposta “ineficácia”, com valores avançados. Só que o relatório é sobre outro assunto. Quando carregamos no link que é partilhado por este utilizador, somos reencaminhados para a página do Brussels Report, um site que se apresenta como uma “plataforma que oferece uma alternativa ao consenso político dominante da UE”, dedicado a notícias e análises sobre política europeia e da zona euro. Trata-se de um site assumidamente “crítico” e o texto para o qual somos redirecionados tem por título “Ranking dos membros do Parlamento Europeu”. Baseia-se em dados do think tank VoteWatch Europe, que trabalha informação relativa às votações no Parlamento Europeu para produzir análises e prever “desenvolvimentos” da União Europeia, como explica na sua apresentação. Assim, não é possível dizer que se trata de um relatório do Parlamento Europeu. Além disso, o ranking em causa não avalia eficácia ou o comportamento pessoal dos eurodeputados, o que é explicado logo no início da análise, mas sim a forma como votam propostas específicas que envolvem matérias relativas à transparência dos eurodeputados, à responsabilidade financeira, à subsidariedade, às liberdade civis e à economia de mercado livre. A ideia subjacente é ver se os eurodeputados são coerentes com o que defende a família política a que pertencem, na hora de votarem matérias concretas e relativas à máquina europeia que devem fiscalizar. Foi estabelecida uma classificação pelo Brussels Report, que dá um valor específico à votação em cada uma das matérias, e produzido um ranking em que o resultado ditou pontuações que vão desde os 17 alcançados por uma eurodeputada sueca aos -9 obtidos por uma eurodeputada da Roménia. A conclusão do site é que “o Parlamento Europeu deveria servir de controle da máquina da UE. Esta classificação revela que estamos muito longe disso.” Destaca, por exemplo, que nas matérias de transparência ou responsabilidade financeira da União, todos os eurodeputados deviam apoiá-las e que “os primeiros lugares deste ranking são todos constituídos por eurocéticos de várias origens. Os que têm uma visão mais federalista da UE deveriam fazer um esforço para serem tão críticos como os seus colegas eurocéticos quando se trata de votar em tópicos de transparência financeira e responsabilidade financeira”, considera. Nesta análise e seguindo a classificação temática do Brussels Report, os eurodeputados portugueses que são citados na publicação do Facebook que aqui está em causa têm os valores que são referidos. No ranking que foi divulgado por esta plataforma, Nuno Melo (CDS) teve 1 ponto, Paulo Rangel (PSD) teve zero pontos (bem como os restantes deputados do PSD que fazem parte do grupo PPE), Marisa Matias teve -4 (o mesmo que o seu colega de partido e de bancada no Parlamento Europeu, José Gusmão), Francisco Guerreiro (independente, ex-PAN) teve -6 e Carlos Zorinho e Pedro Marques (ambos PS e parte dos Socialistas e Democratas) tiveram -7. Mas a avaliação não diz respeito à sua eficácia como parlamentares. Conclusão Não é verdade que este relatório seja do Parlamento Europeu e não é verdade que verse sobre a eficácia dos eurodeputados. Trata-se de um trabalho feito por um site que não é do Parlamento Europeu e que se baseia em dados de um think tank de matérias europeias. O texto que é partilhado, através de um link, nesta publicação do Facebook não mede a eficácia dos eurodeputados, mas sim a forma como votam determinadas matérias que são agrupadas pelo site em causa para chegar a uma conclusão sobre a orientação do voto. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: ERRADO No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é: FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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