schema:text
| - “Parece miragem, mas é verdade… Pellets (marca portuguesa) à venda no país vizinho muito mais baratos que no país de produção. Continuem a alimentar a máquina desses oportunistas ao comprarem pellets a preços astronómicos… Façamos boicote à compra de pellets, assim os produtores terão de baixar para preços acessíveis a todos os portugueses“, destaca-se num post de 28 de outubro no Facebook.
Na publicação que tem sido partilhada por milhares de pessoas nas redes sociais exibe-se uma imagem com a indicação do preço de um saco de 15 quilogramas de pellets da marca portuguesa Martos, supostamente à venda por 6,90 euros em Espanha. No país de origem, Portugal, o preço de venda desse mesmo saco de 15 quilogramas em vários estabelecimentos comerciais ascende a mais de 10 euros (segundo confirmou o Polígrafo através de pesquisa não exaustiva).
Na imagem e no que é descrito não há qualquer referência à loja ou cidade espanhola na qual o referido saco de pellets esteve à venda por 6,90 euros. Mas cerca de um mês depois, respondendo a comentários em que colocaram em causa a veracidade da história, o autor da publicação apresentou mesmo um recibo da compra de dois sacos de 15 quilogramas de pellets da Martos, por 6,90 euros cada.
Essa compra foi realizada em Madrid, Espanha, no dia 24 de novembro.
O Polígrafo contactou Leonel Marto, diretor financeiro da empresa Martos, que diz ter conhecimento da situação e, aliás, chegou a pedir esclarecimentos ao cliente espanhol de forma a averiguar o sucedido.
“Tivemos logo conhecimento, mas essa publicação foi muito injusta quando saiu. Não fazia sentido nenhum porque na altura os stocks em Portugal estavam talvez a 10 euros e essa publicação surge de uma forma que não é correta, não são comparáveis as coisas”, ressalva Marto.
“Esses preços não eram comparáveis com os preços do momento. O cliente que está em causa, que é o cliente de uma bomba de Madrid, nós falámos com ele e ele também não soube explicar muito bem ou não quis, mas pronto, chegámos ao cliente e ele já não nos comprava pellets há um ano, tinha stock antigo“, justificou o diretor financeiro da empresa portuguesa.
“E há outra coisa aqui, é o stock e o IVA. Enquanto nesta altura [outubro] em Portugal um saco de pellets tem quase dois euros de IVA, lá esse saco tinha 15 cêntimos de IVA“, acrescenta.
Marto admite que a imagem até pode ser verdadeira, mas “esses pellets foram comprados antes, quando estavam mais baratos, e por algum motivo o cliente não os utilizou”.
De resto, alega que “a subida do preço dos pellets teve que ver com muitos fatores“, com destaque para o aumento dos custos da matéria-prima e da energia.
“No Inverno passado estivemos parados, resolvemos parar a produção. No ano passado, os preços da energia já estavam muito altos. A energia já estava alta, passámos de um custo médio de 15 euros por tonelada para quase 80 euros“, conclui.
______________________________
Avaliação do Polígrafo:
|