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| - “O custo médio de substituição da bateria de um veículo elétrico é superior a 10 mil dólares, enquanto o custo médio de substituição da bateria de um carro a gasolina é de 100 a 200 dólares. A agenda única de energia verde dos democratas vai levar o povo norte-americano à falência“, escreveu Debbie Lesko, membro da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos da América (EUA), eleita pelo Partido Republicano, num tweet de 30 de agosto.
Tem razão? E tal comparação faz sentido?
A plataforma de verificação de factos “PolitiFact” analisou esta questão com a ajuda de especialistas.
Hanna Breetz, professora assistente da Escola de Sustentabilidade da Universidade do Estado de Arizona, EUA, sublinhou desde logo que é como comparar “maçãs com laranjas”, visto que “são tecnologias diferentes, que fazem coisas diferentes nos veículos”. No entanto, a especialista ressalva que “os números [preços] não estão errados, mas é uma comparação ilusória“.
Porque são dois tipos de baterias que desempenham funções diferentes nos automóveis elétricos e nos automóveis a combustão. Jeffrey Wishart, professor de sistemas automóveis da Universidade do Estado de Arizona, explica que “a bateria de propulsão de alta tensão em veículos elétricos não deve ser comparada com as baterias de partida/iluminação/ignição de 12 volts de todos os carros”. Isto porque as baterias de 12 volts são mais simples e produzidas em maior quantidade, ao passo que as baterias para os veículos elétricos são produzidas à medida.
Quanto aos valores indicados, Andy Garberson, chefe de marketing do grupo Recurrent Auto (empresa dedicada à avaliação do desempenho de baterias de automóveis elétricos), adverte que dependem do modelo do carro. Ainda assim, os valores apresentados por Lesko, sendo uma média de preços, podem ser considerados como estando corretos.
E em Portugal? Questionado pelo Polígrafo, Alexandre Marvão, especialista em mobilidade da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO), aponta no mesmo sentido: as baterias são diferentes e, por isso, não linearmente comparáveis.
“São sistemas completamente diferentes. O custo da substituição das baterias não é um fator que deva limitar a opção por um veículo elétrico”, garante.
Relativamente ao preço, Marvão indicada que deverá começar-se a sentir uma redução do mesmo em função do crescimento de produção deste tipo de veículos. E isto só ainda não aconteceu “porque os fabricantes têm optado por aumentar a capacidade da bateria para fazer frente à questão da autonomia”. No entanto, Marvão prevê que a diferença deverá ser cada vez menor com a evolução do mercado.
No que concerne à necessidade de substituição da bateria num veículo elétrico, Marvão diz que tem sido reduzida, porque a durabilidade desta componente tem revelado ser mais ou menos similar à do próprio veículo.
“Um medo que existe muito é de que passados quatro ou cinco anos tivessem uma bateria para substituir. A verdade é que isso não acontece com frequência“, assegura Marvão. Sublinha também que a durabilidade não gera problemas e que, mesmo se gerar, são pontuais “ou em caso de utilização intensa que torne necessário uma substituição prematura“.
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Avaliação do Polígrafo:
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