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| - Realizou-se, ontem à noite, o único debate televisivo entre Emmanuel Macron e Marine Le Pen para as eleições presidenciais francesas, cuja segunda volta está marcada para o próximo domingo, dia 24 de abril.
Macron aproveitou a ocasião para atacar Le Pen com as suas ligações à Rússia e para a acusar de “depender do poder russo e de Putin“, referindo-se ao empréstimo bancário russo, de 9.14 milhões de euros, do First Czech-Russian Bank (FCBR) concedido ao partido liderado pela opositora. O presidente francês afirmou ainda que a líder da Frente Nacional foi “uma das primeiras a reconhecer a anexação da Crimeia“, em 2014.
“Foi uma das primeiras eurodeputadas a reconhecer a anexação da Crimeia [em 2014]. Fê-lo, e digo isto com grande seriedade, [porque] depende do poder russo e do senhor Putin, depois de ter pedido um empréstimo a um banco russo em 2015. Tem de tomar decisões de coragem”, lançou Macron. E acrescentou que a a posição de Le Pen no debate “não corresponde” à do partido que representa no Parlamento Europeu.
A afirmação do recandidato à presidência francesa tem fundamento?
Em resposta à acusação de Macron, Le Pen acenou e mostrou uma impressão de um tweet escrito por si, a 9 de novembro de 2014, no qual se lê: “Apoio uma Ucrânia livre, que não está sujeita aos Estados Unidos, nem à UE, nem à Rússia.”
Tal como verificou a plataforma de fact-checking do “Libération“, poucos dias depois de ter realizado esta publicação no Twitter, Le Pen voltou à mesma rede social, no dia 2 de dezembro de 2014, para afirmar: “Devemos preservar a unidade da Ucrânia e sua soberania. A Crimeia é russa há muitos, muitos anos.”
O jornal francês recuperou uma série de ocasiões em que a líder da Frente Nacional negou que a Crimeia tenha sido anexada ilegalmente pela Rússia. “Eu absolutamente não acredito que houve uma anexação ilegal, houve um referendo, os habitantes da Crimeia queriam se juntar à Rússia“, defendeu Le Pen, no dia 3 de janeiro de 2017, na “BFMTV“.
Numa declaração, à “CNN“, em fevereiro de 2017, Le Pen reforçou a mesma ideia: “Temos que parar. (…) A Crimeia sempre foi russa. Foi dado à Ucrânia há pouco tempo pelos soviéticos. Mas a população sente-se russa.”
Mais recentemente, numa entrevista à “BFMTV“, no dia 13 de abril de 2022, garantiu que “não se arrepende de forma alguma” de ter negado a anexação da Crimeia pela Rússia.
Um artigo publicado em abril de 2015 pelo projeto de jornalismo digital independente e participativo “Mediapart” revelou diversas mensagens de texto de uma autoridade russa, em 2014, a elogiar Marine Le Pen pelo seu apoio à anexação da Crimeia pela Rússia.
“Milhares de documentos de um funcionário da administração presidencial russa foram hackeados pelo ‘Anonymous International’ . Trata-se da forma como Marine Le Pen deve ser ‘agradecida’ em troca de seu apoio à Crimeia, em março de 2014. Nos meses que se seguiram, a presidente da Frente Nacional e seu pai obtiveram empréstimos russos no valor de 11 milhões de euros pela sua actividade política”, lê-se no artigo.
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