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| - Uma das forma de identificar a infeção provocada pelo SARS-CoV-2 é submeter o paciente a um teste de PCR: o técnico de análise clínica coloca uma zaragatoa no nariz até chegar à parte mais afastada da cavidade nasal – a naso-faringe . Depois, roda o utensílio algumas vezes para recolher uma amostra da mucosa, onde é possível detetar ou não a presença do vírus.
Nas redes sociais tem sido partilhada uma publicação na qual se afirma que este tipo de testes “visa danificar a barreira hematoencefálica e, assim, criar uma entrada direta no cérebro para qualquer infeção”.
Terá esta teoria algum fundamento?
Primeiro é necessário perceber o que é a barreira hematoencefálica e qual a sua função. “A barreira hematoencefálica é uma porção microscópica que envolve as células do cérebro e as protege de todas as coisas que estão no sangue”, explica ao Polígrafo Tiago Alfaro, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia. Ou seja, esta barreira não envolve e protege o cérebro, como é referido na publicação em análise.
“O cérebro está bem protegido pelas meninges e por osso na sua quase totalidade”, esclarece o pneumologista, que garante que uma zaragatoa não teria capacidade de provocar lesões nestas membranas. Esta barreira tem como função impedir “que muitos produtos que estão no sangue cheguem a ter contacto com os neurónios”, acrescenta.
O cérebro está bem protegido pelas meninges e por osso na sua quase totalidade”, esclarece Tiago Alfaro, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, que garante que uma zaragatoa não teria capacidade de provocar lesões nestas membranas.
O médico assume que os próprios profissionais de saúde brincam com a extensão da zaragatoa – “Às vezes brincamos entre nós: ‘isto parece que vai até ao cérebro’” -, mas assegura que a mesma “não fica nem perto”. De acordo com o especialista, “a única zona onde o cérebro está mais próximo do nariz é mesmo na região superior e não é aí que se faz a zaragatoa”. Estes testes são realizados na parte mais baixa da cavidade nasal, existindo músculos, ligamentos e outras membranas a separar esta área do cérebro e do sistema nervoso central.
O recurso a zaragatoas não é uma novidade associada à pandemia de Covid-19. Este exame tem sido utilizado para diagnosticar outras infeções de foro respiratório, como por exemplo a gripe. O vice-presidente da SPP sublinha que se houvesse alguma relação entre os testes PCR e o aparecimento de infeções e lesões no cérebro, esta já teria sido identificada pela comunidade científica.
Os testes com recurso a zaragatoas não são uma novidade associada à pandemia de Covid-19. Este exame tem sido utilizado para diagnosticar outras infeções de foro respiratório, como por exemplo a gripe.
Alfaro lembra que as zaragatoas usadas nos testes são estéreis e, como tudo é feito na cavidade nasal, “não há nenhum transporte de germes – quais quer que sejam – de um lugar para outro pela zaragatoa”. Ou seja, fica colocada de lado a possibilidade de infeção do sistema nervoso central provocada pelo exeme.
O médico assume que a experiência “pode ser um bocadinho desagradável e, como se roda a zaragatoa, pode sangrar-se um bocadinho”. Porém, concluiu garantindo que os médicos sabem “que não traz qualquer risco e não há casos de pessoas que sangrem muito”.
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Avaliação do Polígrafo:
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