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  • A intervenção ocorreu a 13 de novembro, quando os vereadores de Edmonton, capital de Alberta, no Canadá, discutiram a extensão da lei que torna obrigatório o uso de máscaras em espaço públicos como medida para combater a Covid-19. No período de comentários públicos feitos por telefone, o homem que também disse ser “médico patologista clínico, o que inclui virologia”, defendeu que a pandemia é “a maior fraude já perpetrada”. “Não há absolutamente nada que possa ser feito para conter este vírus a não ser proteger os mais velhos, as pessoas mais vulneráveis. Deve ser encarado como nada mais do que uma época má de gripe, não é o Ébola ou a SARS [ndr: síndrome respiratória aguda grave]. É a política a brincar à medicina – e esse é um jogo muito perigoso”, acusou alegadamente Roger Hodkinson na sua intervenção, durante a qual considerou que não são precisas medidas especiais para lidar com as infeções provocadas pelo SARS-CoV-2. “Não é preciso fazer nada mais do que se fez no ano passado quando tivemos gripe, quando me senti mal. Ficámos em casa, comemos canja, não visitámos o avozinha, e decidimos quando regressávamos ao trabalho. Não tivemos ninguém, não precisámos de ninguém a dizer-nos o que fazer.” O alegado especialista também se manifestou contra o uso de meios individuais de proteção por acreditar que os mesmos não têm qualquer resultado positivo: “As máscaras são completamente inúteis, não há prova alguma da sua eficácia. Máscaras descartáveis ou sociais são apenas um demonstração de virtude…” A intervenção do homem que se identificou como sendo Roger Hodkinson tem sido amplamente partilhada nas redes sociais por muitos negacionistas da pandemia. “Quem percebe o mínimo de inglês tem que ouvir isto. A narrativa vai cair sim e está quase, eles vão cair todos que nem tordos”, diz-se numa dessas publicações. Mas será que os argumentos apresentados pelo suposto especialista têm fundamentação científica? A comparação entre a infeção por Covid-19 e a gripe tem sido muito comum desde o início desta pandemia, uma vez que os sintomas das doenças são muito semelhantes. Em ambos os casos, o paciente pode ter febre, tosse, dor de cabeça, dores musculares, fraqueza generalizada e dificuldades respiratórias, avança a Direção-Geral da Saúde (DGS). “Enquanto muitas pessoas globalmente construíram imunidade para as variantes de gripe sazonal, o novo coronavírus é um fenómeno recente a que ninguém tem imunidade. Isso significa que mais pessoas são suscetíveis à infeção, e algumas vão sofrer de uma doença mais severa”, explicou o porta-voz da OMS numa conferência de imprensa a 3 de março. Além disso, por não haver ainda uma vacina a ser aplicada ou um tratamento específico para a Covid-19, esta doença torna-se mais perigosa que a gripe comum. “Enquanto muitas pessoas globalmente construíram imunidade para as variantes de gripe sazonal, o novo coronavírus é um fenómeno recente a que ninguém tem imunidade. Isso significa que mais pessoas são suscetíveis à infeção, e algumas vão sofrer de uma doença mais severa”, explicou o porta-voz da OMS numa conferência de imprensa a 3 de março. Igualmente errada é a ideia defendida pelos negacionistas que a doença provocada pelo SARS-CoV-2 é menos letal que a gripe. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “embora a verdadeira mortalidade provocada pela Covid-19 precise de algum tempo para ser totalmente compreendida”, os números revelam que 3 a 4% dos infectados morrem com a doença provocada pelo novo coronavírus, enquanto a taxa de letalidade da gripe sazonal está abaixo dos 0,1%. Ainda assim, sublinha a OMS, estes valores são “determinados em grande medida pelo acesso aos cuidados de saúde e pela qualidade dos mesmos”. “As máscaras são completamente inúteis”? O combate ao uso da máscara é outra das imagens de marca dos negacionistas da Covid-19. Na sua intervenção, o suposto especialista assegurou que as máscaras descartáveis ou sociais não têm qualquer eficácia e, portanto, não faz sentido serem usadas para combater à pandemia. Ao Polígrafo, numa verificação de factos relacionada com o uso de equipamentos de proteção individual, Celso Cunha, professor do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa, já explicou que “tais máscaras não protegem completamente contra o contágio pelo SARS-CoV-2 ou outro qualquer vírus respiratório”, mas a sua utilização “reduz muito a probabilidade de alguém ser infetado com quantidades de vírus [cargas virais] suficientes para causar doença, devido ao facto de muitas partículas virais ficarem retidas no exterior” das mesmas. O uso de máscara, concluiu então o especialista, “é essencial juntamente com a ainda mais essencial medida de manutenção de distanciamento social e redução de contactos de proximidade”. Esta terça-feira, 1 de dezembro, a OMS divulgou recomendações atualizadas sobre o uso de máscara como meio de prevenção da disseminação da Covid-19, tendo como base novos dados científicos – a anterior atualização datava de 5 de junho. De acordo com o comunicado, é recomendado que, nas áreas de transmissão conhecida ou suspeita do novo coronavírus, “todas as pessoas usem máscara, em ambientes internos ou externos, onde o distanciamento físico de pelo menos um metro não possa ser mantido”. Esta terça-feira, 1 de dezembro, a OMS divulgou recomendações atualizadas sobre o uso de máscara como meio de prevenção da disseminação da Covid-19, tendo como base novos dados científicos – a anterior atualização datava de 5 de junho. Nas unidades de saúde, todas as pessoas que se encontrem no seu interior devem seguir esta norma. Já os pacientes internados devem usar máscara quando o distanciamento físico não puder ser mantido ou quando estiverem fora das suas áreas de tratamento. A OMS alertou ainda que, em espaços fechados com várias pessoas, todos “devem usar máscara, a menos que a ventilação seja avaliada como adequada”. No caso de terem convidados em casa, “as pessoas devem usar máscara ao receber visitas se não puderem manter distância ou avaliar se a ventilação é boa”. Na mais recente atualização, o organismo recomenda ainda que não se usem máscaras durante atividades físicas vigorosas porque estas “podem reduzir a capacidade de respirar confortavelmente”. Em substituição, “o mais mais importante é manter o distanciamento físico de pelo menos um metro e garantir uma boa ventilação durante os exercícios”, acompanhada pela limpeza e desinfeção adequada do ambiente. Tal como foi referido por Celso Cunha ao Polígrafo, a OMS adverte igualmente que “as máscaras devem ser usadas como parte de um pacote abrangente de medidas que ajudam a reduzir a disseminação de Covid-19” até porque “uma máscara sozinha, mesmo quando usada corretamente, é insuficiente para fornecer proteção adequada”. No documento, sublinha-se também que, seja qual for o tipo de máscara, o manuseamento, o armazenamento, a limpeza ou o descarte apropriados são essenciais para garantir que estas são tão eficazes quanto possível e para evitar que aumentem o risco de transmissão da doença”. Quem é Roger Hodkinson? Logo no início da sua intervenção, o alegado especialista anuncia que vai apresentar o seu currículo profissional para que não fiquem dúvidas sobre os seus conhecimentos e capacidade para apresentar as teorias acima analisadas. Porém, como explicou o site de verificação de factos “Snopes”, ainda que o vídeo a circular nas redes sociais apresente uma fotografia de Hodkinson, as imagens originais apresentavam simplesmente o símbolo de um telefone num ecrã preto. A plataforma contactou o médico para confirmar se tinha sido mesmo ele a intervir na reunião, mas não obteve resposta. Assim, até ao momento, não é possível garantir por completo que a chamada telefónica não possa ter sido feita por alguém que se apresentou como sendo Hodkinson. O alegado médico disse ser antigo presidente do Royal College of Physicians e Surgeons do Canada, mas a informação foi desmentida pelo próprio organismo. Segundo a AP, a organização explicou que Hodkinson foi certificado como médico patologista em 1976, “mas não é, nem nunca ocupou o cargo de presidente” da mesma. O alegado médico disse ser antigo presidente do Royal College of Physicians e Surgeons do Canada, mas a informação foi desmentida pelo próprio organismo. Segundo a AP, a organização explicou que Hodkinson foi certificado como médico patologista em 1976, “mas não é, nem nunca ocupou o cargo de presidente” da mesma. Hodkinson aparece ainda como presidente da MutantDX , com sede em Greensboro, Carolina do Norte, cuja licença indica que o negócio permanece ativo. No entanto, avançou a mesma agência de notícias, o endereço apresentado na licença é o de um condomínio de habitação. A AP revelou igualmente ter contacto o patologista sobre uma empresa em Edmonton, onde aparece como CEO, mas não ter tido nenhuma resposta às questões colocadas. __________________________________________ Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social. Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é: Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos. Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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