schema:text
| - Um vídeo que mostra um prédio em chamas não retrata a Biblioteca Alcazar, localizada em Marselha, na França, sendo incendiada por manifestantes, como afirmam publicações nas redes. O registro, na realidade, mostra um incêndio no serviço postal das Filipinas, na capital Manila, em maio deste ano.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 30 mil visualizações no TikTok e 5.000 curtidas no Instagram nesta sexta-feira (7). As peças de desinformação circulam também no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance (fale com a Fátima).
A Biblioteca Alcazar em Marselha é a maior biblioteca da França, contendo um arquivo de um milhão de documentos historicamente significativos. Os migrantes africanos simplesmente o incendiaram… 05/07/2023
Um vídeo que mostra um prédio em chamas e tem sido difundido nas redes não retrata um incêndio na Biblioteca Alcazar, em Marselha, na França. As imagens são de um incêndio de grandes proporções na sede do serviço postal das Filipinas, em Manila, no dia 22 de maio de 2023. As investigações apontaram que o incêndio foi de natureza acidental e causado pela explosão de uma bateria de carro armazenada no prédio.
A Biblioteca Alcazar foi recentemente vandalizada em razão da onda de violência que vem assolando a França. Em 29 de junho, manifestantes atiraram uma bomba de fumaça na entrada do prédio, cujo efeito pode ser visto em vídeos difundidos nas redes. Na ocasião, vidraças também foram quebradas, mas o prédio não foi incendiado. A arquitetura da biblioteca também é diferente do edifício em chamas que aparece nas imagens.
Com um acervo de 1 milhão de documentos, dos quais 350 mil estão disponíveis publicamente, a biblioteca é uma das maiores da França. O acervo não foi afetado pelos ataques, o que foi confirmado pela Câmara Municipal de Marselha ao site de checagem Les Observateurs.
A biblioteca foi fechada temporariamente e a reabertura ao público, no dia 4 de julho, foi comemorada pelo prefeito de Marselha, Benoît Payan, nas redes sociais.
Violência. A morte de um jovem franco-argelino de 17 anos baleado por um policial após furar uma blitz nos arredores de Paris, em 27 de junho, desencadeou uma onda de protestos violentos por toda a França. O presidente francês, Emmanuel Macron, criticou as manifestações e atribuiu a violência a fatores como o uso de videogames e das redes. Macron, inclusive, cogitou a possibilidade de “suspender” temporariamente o acesso às redes.
A Rede Europeia Contra o Racismo disse que a morte do jovem levanta “questões urgentes sobre o uso excessivo da força por parte das agências de aplicação da lei, particularmente em relação a grupos racializados”. Segundo a porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, a França deveria se “debruçar seriamente sobre os problemas profundos de racismo e discriminação racial na polícia”, posicionamento que foi criticado pelo país europeu.
De acordo com o Medef (Movimento das Empresas da França), principal sindicato patronal do país, o custo da violência para o setor privado é estimado em € 1 bilhão (cerca de R$ 5,2 bilhões pela cotação atual). Milhares de carros e prédios, entre lojas, bibliotecas, prefeituras e centros comunitários, foram incendiados. Até a última quarta-feira (5), a polícia francesa deteve mais de 3.500 manifestantes.
Esta peça de desinformação também foi desmentida pelo Boatos.org e pelo UOL Confere.
|