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| - “A rotunda da Quinta do Marquês está finalmente pronta, homenagem ao vinho de Carcavelos (ups, estamos em Oeiras), colunas de betão e umas estruturas metálicas enferrujadas a imitar pipas de vinho. Por favor Sr. presidente Isaltino, ridículo e com uma falta de gosto enorme, ainda bem que nem todas as obras do concelho são assim, tirando o ‘supositório’ do Parque dos Poetas que além de erros ortográficos, não se conseguem ler sem uma grua. E esta nova rotunda com um orçamento de 375 mil euros (sem as derrapagens), será que não haveria mais nada onde gastar esse dinheiro? Enfim, não quero comparar de maneira nenhuma com ‘os da mão fechada’, mas está a aproximar-se”, descreve-se na publicação, datada de 23 de maio.
Confirma-se?
O Polígrafo contactou a Câmara Municipal de Oeiras (CMO) que indica que o valor da obra foi de 356,700 euros (incluindo o IVA), valor ligeiramente inferior ao indicado na publicação.
De facto, consultando o portal Base, verifica-se a existência do referido contrato por ajuste direto, celebrado entre o Município de Oeiras e o artista plástico Rui Francisco de Brion Ramirez Sanches no dia 23 de março de 2020. Preço contratual: 290 mil euros (sem IVA). O contrato visou a “aquisição de conjunto escultórico denominado ‘Permanência do Vinho Carcavelos'” e foi celebrado por ajuste direito devido a “ausência de recursos próprios”.
A CMO refere que “o artista plástico foi escolhido na sequência de um procedimento por ajuste direto (…) pelo facto de se tratar da aquisição de uma obra de arte, com características próprias, artísticas e técnicas que se entende que apenas o artista plástico Rui Sanches poderá concretizar, assente no seu cunho próprio mas também assente na sua história e bagagem cultural que o diferencia dos demais”.
Contudo, são múltiplas as publicações nas redes sociais que referem um valor superior. A coligação “Evoluir Oeiras”, por exemplo, indica num post no Facebook que o valor “por um arranjo de uma rotunda” foi de 540 mil euros.
Questionada pelo Polígrafo, a coligação indica que essa informação está disponível na revista municipal de Oeiras, “Oeiras Atual”, na edição de setembro/outubro de 2020. De facto, e consultando a revista em causa, pode ler-se no topo que a obra teve um “investimento global de 540 mil euros” (pág.10).
A mesma disparidade de valores surge numa publicação da Associação de Moradores Quinta das Palmeiras que também se baseia nos dados avançados pela revista da autarquia. “Segundo o jornal Oeiras Atual, a obra na rotunda entre a Quinta das Palmeiras e a Quinta do Marquês será Arte pública que evocará a produção do vinho de Carcavelos, mais concretamente um conjunto escultórico denominado “Permanência do Vinho de Carcavelos”. O investimento global ronda os 540.000 euros ou 375.000 euros (constam os dois na notícia)”, lê.se no post de 13 de janeiro de 2021.
O Polígrafo pediu esclarecimentos à autarquia sobre a disparidade de valores, sendo que a CMO refere ter-se tratado de “um lapso”.
A inauguração ocorreu na noite de 7 de agosto com a presença de Isaltino Morais. A escultura, de acordo com a página oficial da autarquia, “pretende celebrar o vinho produzido pelo Município e que é uma referência histórica e identitária do concelho” e está localizada “na rotunda de interseção da Rua da Estação Agronómica Nacional, Avenida da República e Rua da Quinta das Palmeiras, em Oeiras”.
Em resumo, poderá dizer-se que na sua essência a publicação é verdadeira, mas padece de uma pequena falta de rigor, tendo em conta que o valor que cita é cerca de 19 mil euros superior ao que está inscrito no Portal Base. Apenas por isso, o Polígrafo optou por uma classificação de “Verdadeiro, mas…”.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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