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| - “No Peru, as antenas 5G são retiradas porque o público se consciencializou dos perigos inerentes para a saúde”. Esta é a legenda que acompanha um vídeo de cerca de dois minutos que está a ser partilhado no Facebook e no Twitter. As imagens mostram dezenas de trabalhadores a proceder à remoção de uma antena de grandes dimensões, no meio de uma cidade.
De acordo com a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), a quinta geração de comunicações móveis (5G) é um “instrumento de desenvolvimento e competitividade da economia, de coesão social e territorial, de melhoria e transformação do nosso modo de vida, de inovação social e da qualidade dos serviços públicos”. Na sua página oficial, a entidade portuguesa explica ainda que o 5G apresenta características que o tornam um “poderoso instrumento da transição digital”, uma vez que permite a “transmissão mais rápida de um volume de dados muito maior (cem vezes superior), de forma praticamente instantânea, bem como a conexão de muitos mais dispositivos (um milhão de dispositivos por km2)”.
Apesar das evidentes vantagens da implementação da rede 5G, são inúmeras as teorias da conspiração divulgadas nas redes sociais que envolvem esta tecnologia. O Polígrafo já desmentiu que as radiações emitidas pela tecnologia 5G possam gerar “efeitos biológicos negativos para a saúde humana”. É também falso que as frequências desta rede provoquem cancro, ou que exista uma conexão entre a pandemia de Covid-19 e o 5G.
Em 2020, a plataforma de verificação de factos AFP Checamos questionou o diretor de Políticas e Regulação em Comunicações do Ministério de Transportes e Comunicações do Peru, José Aguilar. Este informou que, em 2019, a empresa Movistar tinha realizado testes com a tecnologia 5G, mas que após estes estarem concluídos o equipamento foi retirado do local. A agência concluiu ainda que as imagens do vídeo viral foram captadas na cidade de Miraflores, que pertence à capital do Peru, Lima.
Ora, no site do município de Miraflores foi publicado um artigo, datado de 30 de novembro de 2019, no qual se informa que “uma antena instalada ilegalmente foi desmontada em frente ao Parque das Tradições de Miraflores“. Na imagem utilizada para ilustrar o artigo identificam-se os mesmos elementos visuais do vídeo em análise. Na comunicação do município é esclarecido que “após uma exaustiva investigação, os fiscais de inspeção de Miraflores confirmaram que a empresa em questão procedeu sem a autorização oficial do Município de Lima ou o consentimento dos vizinhos” na instalação desta antena.
“O guindaste e os trabalhadores finalmente desmontaram a antena que tinha sido coberta com cimento e barras de ferro. Após três horas de trabalho, a antena, na qual foram colocados ramos de plástico no topo, a simular o topo de uma árvore, foi desmontada”, destaca-se no comunicado.
Na página oficial de Facebook do município peruano foi também partilhado um vídeo que mostra a remoção da antena instalada de forma ilegal. Estas imagens estão, até hoje, a ser partilhadas nas redes sociais de forma descontextualizada.
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Em suma, é falso que as antenas 5G estejam a ser removidas no Peru devido a “perigos inerentes para a saúde”. Na verdade, tal como pode verificar aqui, existem duas instalações desta tecnologia de quinta geração no país, as duas localizadas em Lima.
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Avaliação do Polígrafo:
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