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  • O texto foi publicado no dia 12 de fevereiro no site brasileiro “Hoje no Mundo Militar” e desde então tem sido difundido em várias contas e páginas de Facebook, sempre com o mesmo título: “Convocação sem precedentes: China ordena que todos os seus reservistas se apresentem em seus distritos militares — Mulheres estão incluídas”. Ao longo do artigo, que é reproduzido na íntegra nos posts partilhados nas redes sociais, pode ler-se que está em curso uma “convocação em massa” naquele país e que estarão a ser enviadas mensagens para os cidadãos chineses com mais de 18 anos — “mulheres incluídas”. Será provavelmente, continua o texto, “a maior mobilização de defesa nacional da história chinesa”. “Depois de receber o aviso de convocação, os reservistas devem apresentar-se imediatamente no local designado a partir de determinado horário especificado de acordo com os requisitos”, explica a autora do artigo, Barbara Martinelli, segundo o pequeno perfil partilhado no site, licenciada em Administração, mestranda de Política Internacional e “especialista em resolução de conflitos mundiais e geopolítica”. Ainda de acordo com o texto assinado por Martinelli, os reservistas que não tenham recebido ainda a convocatória para se apresentarem nos respetivos postos não poderão ausentar-se dessa zona “sem a aprovação das tropas e dos órgãos do serviço militar do local de inscrição”. Mais do que isso: caso o tenham entretanto feito, a ordem é para regressarem “imediatamente”. Como assinala ao Observador o major-general Arnaut Moreira, se a China tivesse efetivamente em curso a maior mobilização militar da sua história, essa seria uma notícia que “certamente mereceria uma reação grande por parte dos líderes mundiais”. Ora, não são apenas impossíveis de encontrar em toda a internet notícias relativamente a essas reações; não há, de todo, quaisquer notícias publicadas sobre tal mobilização — nem em português, nem inglês, nem sequer no chinês simplificado cuja tradução o Google facilita. O exercício, que foi feito pelo Observador, é validado pelas declarações de Arnaut Moreira, diretor de Comunicações e Sistemas de Informação do Exército entre 2013 e 2016 , ex-subdiretor-Geral de Política de Defesa Nacional e ex-chefe de gabinete do ex-ministro da Defesa Nacional José Pedro Aguiar-Branco. “Das muitas coisas que leio não tive nenhum sinal disso. A ausência de informação, neste caso, é um indício de que talvez tenha havido uma má interpretação de alguma coisa”, tenta explicar o major-general. No texto, há referência à aprovação da lei dos reservistas na China — que efetivamente aconteceu a 30 de dezembro de 2022 e entrou em vigor a 1 de março deste ano, com o objetivo de facilitar a mobilização de reservistas. Mas não é referido em nenhum dos seus 65 artigos, divididos por 10 capítulos, que todos os maiores de 18 anos, homens ou mulheres, deverão apresentar-se nos quartéis, como diz o artigo publicado no “Hoje no Mundo Militar” — site que Arnaut Moreira também diz não conhecer. Acredita o major-general, o texto entretanto publicado nas redes sociais poderá ter surgido de uma “interpretação errada” desta nova lei. “Poderá vir daí, mas, na minha leitura, isto parece-me mais uma questão administrativa do funcionamento das Forças Armadas do que uma alteração da postura estratégica da China em relação aos reservistas”, diz o especialista. Conclusão Não é verdade que a China tenha convocado todos os reservistas para se apresentarem nos quartéis e tenha dado início à maior mobilização militar da sua história. Não há quaisquer notícias publicadas sobre o assunto, nem reações dos líderes mundiais. Na lei dos reservistas, que foi aprovada no final do ano passado na reunião do Comité Permanente da Décima Terceira Assembleia Popular Nacional da China, também não há qualquer menção a esta “convocação em massa”. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: ERRADO No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é: FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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