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| - “A propósito das remunerações dos médicos. Portugal é o terceiro país da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico] em termos de oferta. Entre 2000 e 2017, o número de médicos por 1.000 habitantes é de 5,8 [em Portugal], na Grécia de 6,1, a média da OCDE é de 3,5, com a maior parte dos países europeus entre 3,1 e 3,7″, lê-se no post de 1 de setembro no Facebook.
“Para além deste dado é importante sublinhar que Portugal continua a formar 25% mais médicos do que a média dos países da OCDE (formam-se todos os anos 16,1 médicos por 100 mil habitantes; a comparar com a mesma tendência de envelhecimento da população, 6,8 no Japão). No lado oposto, o número de enfermeiros formados em Portugal é duas vezes inferior ao da média da OCDE”, acrescenta-se.
Estas alegações já foram verificadas pelo Polígrafo, em artigo recente, chegando à conclusão de que os números indicados estão corretos, embora desatualizados.
Mais à frente no texto da publicação indica-se também que “outro dado a salientar na problemática da Saúde em Portugal, para além do excesso de oferta de médicos, é o rácio do número de enfermeiros para o número de médicos que é apenas de 1,3, sendo que nos países europeus o rácio é mais próximo dos 3,5 enfermeiros por médico“.
Confirma-se?
No mais recente estudo “Health at a Glance 2021” da OCDE, com dados até 2019, no que respeita ao número de enfermeiros praticantes (ou em atividade) por cada 1.000 habitantes, Portugal surge na 26.ª posição entre os 38 países membros da OCDE (na tabela figuram 44 países no total, seis dos quais não são membros), com um rácio de 7,1 enfermeiros.
A tabela é liderada pela Suíça e Noruega, com rácios de 18 e 17,9 respetivamente. Portugal está na segunda metade, abaixo da média da OCDE que, em 2019, registou um rácio de 8,8 enfermeiros por cada 1.000 habitantes.
Neste âmbito, a OCDE ressalva que os dados referentes a Portugal incluem “enfermeiros que trabalham no setor da Saúde como gestores, educadores, investigadores e similares”. Ou seja, uma parte considerável não está a desempenhar tarefas de enfermagem, importa ter em atenção.
No que concerne ao número de enfermeiros por cada médico em atividade, Portugal surge na 33.ª posição entre os 38 países membros da OCDE, com um rácio de 1,3 enfermeiros, superando apenas os números registados em 2019 na Turquia, México, Costa Rica, Chile e Colômbia.
A tabela é liderada pela Japão, Finlândia, EUA e Suíça, com rácios superiores a quatro enfermeiros. Portugal queda-se no extremo oposto, abaixo da média da OCDE que, em 2019, registou um rácio de 2,6 enfermeiros por cada médico em atividade.
No entanto, a OCDE ressalva que o rácio calculado para Portugal está “subestimado“. Porquê? Tal como o Polígrafo já referiu em artigo recente, os dados da OCDE correspondem a todos os médicos com licença de prática, “resultando numa grande sobrestimação do número de médicos praticantes” ou em atividade que, especificamente em Portugal, estima-se que rondem 30% do total.
Ora, dada a “grande sobrestimação” do número de médicos em atividade, logicamente que o rácio de enfermeiros acaba por ficar “subestimado”. De qualquer modo, confirma-se que o número de enfermeiros por cada médico em Portugal é de “apenas 1,3”, um dos mais baixos da OCDE.
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Avaliação do Polígrafo:
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