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  • É falso que uma mulher presa em decorrência das investigações pelos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro seja uma “infiltrada” do Partido dos Trabalhadores (PT). Nas redes sociais dela, há diversas publicações feitas no ano passado, ainda durante a campanha eleitoral, a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, não há qualquer registro de filiação dela ao PT. No Facebook, um post repercute uma reportagem da CNN informando a prisão no Rio de Janeiro de dois suspeitos de envolvimento na organização e financiamento dos atos antidemocráticos. Sobre as imagens da emissora, o autor da postagem acrescentou as legendas “petista que financiou ataques foi presa”, “a casa caiu: mulher presa no Rio financiou ataques em Brasília” e “mídia comprada não fala que presa tem ligação com PT”. Esse conteúdo somou 5,5 mil curtidas e 1,2 mil comentários, que foi visualizado 130 mil vezes. O CrowdTangle identificou a mesma peça desinformativa circulando em vários grupos de direita na plataforma e também no Twitter. A reportagem da CNN, veiculada em 27 de janeiro, identifica apenas um dos presos, Roberto Henrique de Souza Junior, subtenente do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, apontado como um dos financiadores do movimento antidemocrático e detido em Campo dos Goytacazes. Sobre a outra pessoa, afirma apenas se tratar de uma mulher de 48 anos que se entregou à Polícia Federal na mesma cidade, após ter sido expedido contra ela um mandado de prisão temporária. Outros veículos de comunicação (G1, UOL, Metrópoles) identificaram a mulher detida como Elizângela Cunha Pimentel Braga, moradora de Itaperuna, no noroeste fluminense. A partir do nome e das fotos dela publicadas pela imprensa, o Estadão Verifica identificou uma conta no TikTok. No perfil, há uma foto postada em março de 2022 na qual Elizângela aparece enrolada em bandeira do Brasil e abraçada por um homem que veste uma camiseta com o rosto de Jair Bolsonaro estampado. Foi adicionado, ainda, o toque de “Baile de Favela”, do artista MC João, música que gerou uma paródia que ataca opositores da direita. Utilizando o CruzaGrafos, uma ferramenta que cruza informações entre pessoas e empresas, a reportagem localizou uma doceria da qual Elizângela é proprietária em Itaperuna. Desta forma, foi possível acessar o Instagram do estabelecimento, em que há várias selfies e vídeos da mulher detida no perfil. Diversas postagens são favoráveis a Bolsonaro e contrárias a Lula. Em novembro de 2022, por exemplo, a conta compartilhou um elogio à TV Record por cobrir manifestações bolsonaristas e outro ao próprio ex-presidente, além de fotos de Elizângela participando de um ato pró-Bolsonaro. Em outubro, ela publicou um texto afirmando que no Brasil “ex-presidiário é presidente”, referindo-se à candidatura de Lula, e fez uma postagem declarando que a esquerda “vai ter que me aturar por bastante tempo porque você votou num bandido”. Também há um post em que se lê “Lula é a segunda maior vergonha do Brasil, a primeira é você que defende.” Há ainda uma montagem referente ao segundo turno das eleições que diz “sou Elizângela e estou com Bolsonaro”. Não há registro público de filiação de Elizângela O Estadão Verifica não identificou qualquer registro público de filiação partidária em nome de Elizângela. Uma consulta ao repositório de dados Brasil.io, que importou informações referentes às filiações feitas no País em 12 de agosto de 2018, não retornou resultado. Em seu site, o PT mantém um sistema para acompanhamento público do andamento de pedidos de filiação, pelo qual é possível filtrar os municípios. Ao consultar pelo nome de Elizângela e a cidade onde ela reside, tambem não houve retorno. Pelas publicações mais recentes no Instagram é possível saber que Elizângela já está em liberdade. A reportagem tentou falar com ela pelo WhatsApp da doceria, mas a mensagem foi visualizada e não respondida. Em consulta ao sistema público de processos do Supremo Tribunal Federal (STF), que conduz os procedimentos referentes à ocupação dos Três Poderes, não foi localizada qualquer peça em nome de Elizângela. A assessoria de imprensa do órgão informou que o sistema não disponibiliza informações sobre processos que tramitam sob sigilo ou em segredo de justiça. Assim, eventuais decisões tomadas nesses processos também não aparecem nos resultados das consultas. O STF ressaltou que não comenta e nem presta quaisquer informações sobre processos ou decisões sigilosas. A Polícia Federal, que cumpriu o mandado de prisão contra Elizângela, informou que não se posiciona sobre casos a partir dos nomes de presos ou investigados. A responsável por postar o conteúdo no Facebook foi procurada pelo canal de mensagens privadas da rede social, mas não respondeu até a publicação da verificação. O Estadão Verifica já demonstrou serem falsas várias alegações defendendo a existência de infiltrados entre os apoiadores de Bolsonaro que praticaram o ataque ao patrimônio público, como, por exemplo, que um vídeo usou fotos de presos de El Salvador para alegar existência de esquerdistas nos atos terroristas, que o horário em relógio destruído no Planalto não prova que infiltrados tenham particiado da invasão e que uma bandeira do PT que apareceu nas imagens daquele dia havia sido furtada durante a ação de dentro do Congresso Nacional.
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