schema:text
| - O artigo foi publicado há poucos dias em vários sites de cultura pop, e até cita um órgão de comunicação social conhecido à escala global: “O express.co.uk avança que, pelo menos, onze pessoas estão a acusar Michael Jackson de abuso sexual. Das acusações poderá resultar a exumação do corpo [do ex-cantor] para a realização de testes de ADN.” A revelação surpreendente fez com que o texto fosse partilhado dezenas de milhares de vezes. Porém a notícia, a notícia é breve e avança com poucos detalhes, para além de atribuir a autoria do conteúdo a outros sites.
O tabloide “Express”, citado no artigo, publicou, de facto, um texto semelhante sobre o tema, na mesma data, em que também desvia a responsabilidade sobre grande parte do conteúdo para outro autor: “O corpo de Michael Jackson pode ser exumado para testes de ADN à medida que mais vítimas se manifestem. O corpo da antiga estrela Pop pode ser removido da urna para ser examinado, na busca de vestígios de ADN, de acordo com o site americano de entretenimento ‘Radar Online’. A amostra de ADN do rei da Pop pode provar que ele era ‘um abusador em série, que molestou adolescentes, deficientes e crianças em estado terminal durante três décadas’, de acordo com o site (“Radar Online”). A exumação de um corpo é pouco comum e só costuma acontecer em circunstâncias extremas.”
Ora, os leitores que passaram pelos títulos e excertos dos artigos nas redes sociais poderão ter inferido que existem novos desenvolvimentos e que a exumação do corpo do cantor é uma possibilidade real. No entanto o “Express” ressalva que o artigo não se baseia em qualquer desenvolvimento ou investigação em relação ao caso. Em vez disso, garante que se baseia na popularidade do documentário da cadeia de televisão HBO “Leaving Neverland”, que relata a história de dois homens que garantem ter sido sexualmente abusados por Michael Jackson, no rancho de Neverland, nos Estados Unidos, quando ainda eram menores.
O artigo do “Express” cita o site “Radar Online” que, no entanto, como avança o site de verificação de notícias “Truth or Fiction”, não tem nenhuma história acerca da exumação na página principal. Uma pesquisa mais profunda na plataforma acaba por revelar um artigo altamente especulativo feito com base em fontes anónimas, que garante que o lançamento do documentário poderia levar a que novas vítimas resolvessem falar.
Além disso, uma informação no final do texto extermina a credibilidade que ainda poderia restar ao site “Radar Online”: “Pagamos por informação sumarenta. Tem alguma história para o RadarOnline.com? Envie-nos um e-mail ou ligue-nos, a qualquer hora, dia ou noite”. A equação é simples: o jornalismo credível não paga a fontes, muito menos desespera por histórias polémicas, independentemente do custo que elas possam ter.
O Polígrafo fez uma pesquisa no Google e, de facto, excluindo as publicações ditas “tabloides”, a história sobre a possível exumação não surge em lado algum. Além disso, toda a informação que surge remete para o site “Radar Online”, plataforma que não faz notícias nem pratica jornalismo, não sendo, por isso, confiável.
Avaliação do Polígrafo:
|