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  • Para elogiar o presidente Jair Bolsonaro, um post no Facebook faz alegações falsas e distorcidas sobre declarações dadas por pessoas conhecidas (veja aqui). A peça de desinformação muda o sentido de falas do ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa; do doleiro Alberto Youssef, delator na Operação Lava Jato; e do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. Barbosa não disse que Bolsonaro foi “o único que não se vendeu no mensalão”, como diz o post, nem Youssef afirmou que o presidente era “o único que não pegava dinheiro no petrolão”. Beira-Mar também não declarou que Bolsonaro “era um dos únicos que respeitava por saber de sua conduta”. A imagem com as alegações falsas e distorcidas foi postada no Facebook na quinta-feira (17) e, até a tarde de quarta-feira (23), tinha cerca de 1.000 compartilhamentos. A publicação foi marcada com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (veja como funciona). Ele foi elogiado pelo ministro Joaquim Barbosa como o único que não se vendeu no Mensalão. O ex-ministro do STF Joaquim Barbosa não deu esta declaração sobre Jair Bolsonaro. Como mostram a transcrição do voto de Barbosa no julgamento do mensalão (leia entre as páginas 15 e 17) e o vídeo do voto (veja entre os minutos 35 e 38), o ministro disse que, na votação de uma subemenda ao projeto de lei de falências de 2003, os líderes de quatro partidos que receberam propina do PT orientaram suas bancadas a aprovarem a proposta. Segundo Barbosa, dos deputados destas quatro legendas, “somente Bolsonaro” votou contra. A peça de desinformação omite que, no mesmo voto, pouco antes de citar Bolsonaro, Joaquim Barbosa declara que vários parlamentares do próprio PT “também desobedeceram à orientação da liderança do Partido e do Governo e votaram contra a sub-emenda”. O Alberto Youssef disse que o Jair Bolsonaro era o único que não pegava dinheiro no petrolão. A alegação do post distorce uma declaração do doleiro Alberto Youssef, um dos primeiros e principais delatores da Operação Lava Jato. Em 2015, Youssef falou em depoimento sobre o envolvimento de políticos do PP no esquema e disse que Bolsonaro não participava, assim como Paulo Maluf (PP-SP) e Ana Amélia Lemos (PP-RS). O vídeo da declaração pode ser visto nesta reportagem do G1. O Beira-mar disse que era um dos únicos que ele respeitava por saber de sua conduta. Este trecho da peça de desinformação distorce o teor de um diálogo ocorrido entre Beira-Mar e Bolsonaro na Comissão de Direitos Humanos da Câmara em 2001. Na ocasião, Beira-Mar disse a Bolsonaro que o então deputado não tinha “rabo preso com ninguém”, e que respeitava o parlamentar porque estava sendo respeitado por ele. O diálogo pode ser lido a partir da página 141 da transcrição do depoimento de Beira-Mar, disponível no site da Câmara. Ele devolveu R$ 250 mil doado pela JBS para sua campanha. A peça de desinformação checada também diz que Bolsonaro devolveu “R$ 250 mil doados pela JBS para sua campanha”, o que é um dado impreciso. Na campanha de 2014, a JBS doou legalmente R$ 200 mil a Bolsonaro por meio do PP, como mostram os registros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). No entanto, Bolsonaro devolveu o dinheiro. Em 2017, Bolsonaro disse que preferiu receber os mesmos R$ 200 mil a partir do fundo partidário. Bolsonaro e integrantes de sua família já compartilharam as alegações falsas e distorcidas da peça de informação checada pelo Aos Fatos. Em pelo menos duas ocasiões o próprio Bolsonaro divulgou um vídeo editado de forma a fazer parecer que Joaquim Barbosa o elogiou durante o julgamento do mensalão. O vídeo foi postado em seu canal no YouTube em 2012, ano em que o caso foi julgado no STF; e em 2018, no YouTube e no Twitter, na véspera do segundo turno da eleição que venceu. Na campanha eleitoral de 2018, por sinal, Bolsonaro repetiu a suposta declaração de Joaquim Barbosa em diversas ocasiões, como em entrevistas ao programa Roda Viva, da TV Cultura, ao Jornal Nacional, da TV Globo, e à TV Record. Em 2018, Barbosa veio a público negar que tivesse dado qualquer opinião sobre Bolsonaro e o mensalão. “Bolsonaro não era líder nem presidente de partido. Ele não fazia parte do processo do Mensalão. Só se julga quem é parte no processo. Portanto, eu jamais poderia tê-lo absolvido ou exonerado. Ou julgado. É falso, portanto, o que ele vem dizendo por aí”, disse o ex-ministro do Supremo no Twitter. Quando ainda era deputado federal, Bolsonaro também buscou se promover postando vídeos das falas de Youssef e Beira-Mar no YouTube. O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos) também publicaram vídeos de teor similar para elogiar o pai. A agência Lupa e o Boatos.org já publicaram checagens sobre algumas das declarações da peça de desinformação aqui checada.
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