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| - “Começou um dos maiores atentados ao património arquitetónico da nossa freguesia (Avenidas Novas) e também de toda a Lisboa”, denuncia-se num post de 8 de maio no Facebook, num grupo público de debate sobre matérias relacionais com a Câmara Municipal de Lisboa.
Segundo o autor do texto, em causa está “a destruição de uma das mais emblemáticas áreas da nossa freguesia, a demolição dos muros amuralhados do Palácio de Santa Gertrudes, atrás da [Fundação Calouste] Gulbenkian”.
“Fiz petições públicas, levei moções à junta de freguesia, o PSD e o PS encontraram sempre uma desculpa para permitir esta barbaridade. O socialismo e o social-socialismo a mostrarem as suas garras”, acrescenta, num post em que se exibem duas fotografias da intervenção em curso no local.
Questionada pelo Polígrafo, porém, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) garante que “não estão a ser demolidos ‘muros amuralhados’ da Casa Vill’Alva (Casa de Santa Gertrudes)”, sublinhando que “a obra em curso não afeta o património arquitetónico classificado“.
De acordo com a mesma fonte, “o conjunto da Sede, Museu e Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian está classificado como Monumento Nacional e as obras em curso foram apreciadas, tendo recebido pareceres favoráveis da Direção-Geral do Património Cultural e do Conselho Nacional de Cultura”.
Qual é o objetivo dessa intervenção? A CML explica que “a obra em curso trata da extensão do Parque Gulbenkian, que inclui a reformulação e ampliação do Centro de Arte Moderna”.
“A nova parcela do Jardim desenvolve-se em harmonia com o existente, densificando a vegetação com espécies autóctones; desenha-se um novo lago central e cria-se uma nova entrada, a sul, sobre a rua Marquês de Fronteira, abrindo o jardim à cidade e aos visitantes”, descreve a CML, na resposta ao Polígrafo.
Quanto à intervenção no Centro de Arte Moderna, esta “desenvolve-se no respeito pela construção existente e cria uma nova centralidade, voltando o edifício à nova entrada a sul; um novo espaço interior-exterior, sob uma pala que se desenvolve ao longo da fachada sul, convida ao atravessamento e novas galerias ampliam o espaço expositivo”.
Não é a primeira vez que se difunde informação falsa nas redes sociais sobre estas obras. Já em abril do ano passado, o Polígrafo classificou como falsas as alegações de que estas obras implicariam a destruição de elementos patrimoniais históricos.
Nessa altura, o Executivo municipal – liderado ainda por Fernando Medina – admitia que a intervenção na rua Marquês de Fronteira visava o “rebaixamento e alinhamento do muro” da Casa de Santa Gertrudes, mais elevado do que o muro do Jardim Gulbenkian.
No entanto, a autarquia comprometia-se a “conservar a integridade dos elementos patrimoniais distintivos da família Eugénio de Almeida incorporados no atual muro do Parque de Santa Gertrudes na confrontação com a Rua Marquês de Fronteira e a colocá-los em local a designar pela Fundação Eugénio de Almeida”.
Em suma, as alegações são falsas, pois a obra em curso visa o rebaixamento dos muros, mas não a sua demolição. De resto, “não afeta o património arquitetónico classificado”, tendo recebido “pareceres favoráveis da Direção-Geral do Património Cultural e do Conselho Nacional de Cultura”.
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Avaliação do Polígrafo:
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