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| - “Loucura, mesmo, completamente varrida, é o que está por trás da frase em letras pequenas”, lê-se num post publicado no Facebook. À publicação, datada de 3 de dezembro, está anexada uma notícia supostamente publicada pela “Deutsche Welle” (DW), a agência noticiosa germânica, com o seguinte título: “Milhares de manifestantes alemães anti-vacinas reúnem-se para se beijarem uns aos outros e chocam funcionários da saúde pública.” A fotografia que a ilustra exibe várias pessoas a trocarem beijos em plena via pública.
Mas o que provocou a ira entre os negacionistas da Covid-19 foi o subtítulo da alegada notícia: “Legisladores pensam em criar lei que criminaliza o beijo em espaços públicos.”
Este protesto aconteceu? E quais os motivos?
De facto, ocorreu uma manifestação no dia 3 de dezembro na Alemanha, mas a fotografia e a respetiva legenda em causa estão longe de corresponder ao que aconteceu nesse dia: um ajuntamento de um grupo de pessoas com tochas em chamas que protestou, junto à casa da ministra da Saúde da Saxónia, Petra Köpping, contra as medidas implementadas para conter a pandemia de Covid-19. Quem o garante é a Agence France-Presse.
A própria DW já negou a autoria da notícia em causa, bem como da imagem que a ilustra. “A fotografia não é de opositores de vacinas na Alemanha. E a DW não escreveu tal artigo ou título. A foto nem sequer é recente – tem 10 anos”, garantiu a agência.
Não é difícil provar a manipulação em causa. No site “European Pressphoto Agency” é possível encontrar a mesma imagem, publicada há mais de 10 anos, com a legenda que se segue: “Casais participam na Maratona Mundial do Beijo pela Educação numa praça em Santiago, Chile, a 1 de setembro de 2011. Os estudantes exigem melhores oportunidades educativas no seu país”. A forma de protesto, levada a cabo por estudantes de escolas chilenas, foi designada de “Kiss-in”, tal como foi então noticiado pela BBC e pelo “The New York Times“.
Em suma, não só a notícia é completamente falsa, como a fotografia corresponde a outro evento ocorrido em 2011, que em nada está relacionado com protestos anti-vacinas.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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